Modelagem da perda de produtividade da cultura do milho em função da deficiência hídrica
Resumo
A mesorregião Noroeste do Rio Grande do Sul é caracterizada pela predominância
de culturas de primavera-verão, sendo o milho importante item do sistema de
produção. Dentre os componentes limitantes, o déficit hídrico é aquele que afeta a
produção agrícola com maior frequência e intensidade. Visando caracterizar os
efeitos das variações climáticas sobre a produtividade de grãos têm-se utilizados os
modelos agrometeorológicos, que são muito úteis pois exigem poucos dados de
entrada. Portanto, objetivou-se avaliar as perdas de produtividade da cultura do
milho cultivado em condições de sequeiro, em relação à produtividade potencial na
microrregião de Cruz Alta, RS. O trabalho foi desenvolvido utilizando dados
meteorológicos diários, no período de 1993-2014. Os dados de produtividade do
milho foram obtidos no site do IBGE. Para estimar a produtividade real da cultura
foram adotados os modelos agrometeorológicos de Jensen (1968), Minhas, Parikh e
Srinivasan (1974) e, Doorenbos e Kassan (1979). A evapotranspiração de referência
foi estimada pelo método de Penmam-Montheit, já a evapotranspiração real foi
utilizando o método do balanço hídrico segundo Thornthwaite e Mather (1955). Na
determinação da produtividade potencial foram utilizados os métodos de
Wageningen (MWa) e o da Zona Agroecológica (MZA). Ainda, foram simuladas as
combinações para o plantio em setembro, outubro, novembro e dezembro.
Inicialmente fizeram-se as análises com parâmetros dos modelos
agrometeorológicos recomendados na literatura, posteriormente foi realizado um
ajuste dos mesmos. A precisão da estimativa de cada modelo agrometeorológico foi
determinada a partir de análise de regressão linear, realizada entre os valores
anuais de produtividade real observada e estimada. Nota-se que o MWa tende a
superestimar a produtividade enquanto que o método MZA acompanhou melhor as
flutuações dos resultados. De maneira geral, os modelos agrometeorológicos
testados nas diferentes conjunções, com parâmetros recomendados na literatura,
apresentaram coeficiente de determinação insatisfatório e o desempenho variou de
péssimo até mediano. Após a realização dos ajustes nos parâmetros dos modelos
ficou evidente a melhora no coeficiente de determinação, exceto para o modelo de
Doorenbos e Kassan. O desempenho das diferentes combinações variou de
péssimo até muito bom, sendo que o modelo de Jensen foi classificado como muito
bom em outubro e novembro, resultado que também foi encontrado para o modelo
de Minhas, Parikh e Srinivasan em novembro. Recomendam-se os coeficientes de -
0,768, 0,699, 0,374 e -0,330 para o modelo de Jensen, e os coeficientes de -1,438,
1,078, 0,439 e -0,442 para o modelo de Minhas, Parikh e Srinivasan, conforme o
estádio fenológico I, II, II e IV, respectivamente. Também, observou-se quebra de
rendimento na maioria dos anos estudados, notoriamente nas faixas maiores de
30% de perda de produtividade, podendo atingir frequência relativa de 30% para
outubro, novembro e dezembro. Inclusive na faixa com menos de 10% de perdas,
em qualquer época avaliada, foram observados prejuízos em 15% dos anos.
Verificou-se que a cultura do milho é afetada pela deficiência hídrica na primaveraverão,
ocasionando riscos de obtenção de produtividade de grãos abaixo da
expectativa.
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