Potencialidade do resíduo de cervejaria na terminação de bovinos e como fonte de compostos bioativos para incrementar a qualidade da carne
Resumo
A qualidade dos alimentos é definida em termos da aceitabilidade do consumidor, por este motivo, os esforços para reduzir a oxidação têm aumentado. A incorporação dos antioxidantes naturais em carne pode ser através do contato direto na superfície ou pela suplementação. Na dieta animal com antioxidantes e deposição metabólica na carne para exercer sua atividade protetora. O resíduo úmido de cervejaria (RUC) é o mais abundante subproduto da indústria cervejeira, disponível a baixo custo como uma fonte valiosa de ácidos fenólicos. Neste sentido, objetivou-se avaliar diferentes condições de extração para a caracterização e identificação de polifenois de RUC e o seu efeito sobre o desempenho e atributos de qualidade da carne de bovinos sob sistema de confinamento. A fim de caracterizar o RUC e demais ingredientes utilizados nas dietas (silagem de milho, farelo de arroz, farelo de milho e farelo de trigo) foi efetuado a composição química, a determinação de fenólicos totais, flavonoides totais e atividade antioxidante in vitro dos extratos obtidos por extração convencional e assistida por micro-ondas; variando o solvente entre acetona 50%, metanol 50% ou NaOH 0,75% e amostras in natura ou desengorduradas. Utilizando HPLC-DAD foram identificados e quantificados os monômeros de compostos fenólicos de todas as amostras. Quatro formulações foram testadas variando o nível substituição de silagem de milho por RUC na terminação de bovinos de corte em delineamento inteiramente casualizado (DIC) com cinco repetições em cada tratamento. Durante o confinamento foram avaliados o consumo médio diário dos animais e o ganho de peso médio diário. A digestibilidade dos nutrientes da dieta e os níveis de compostos fenólicos e enzimas antioxidantes endógenas no sangue dos bovinos. O músculo Longissimus thoracis foi analisado 24 horas após o abate através da temperatura, pH, composição química, perfil de ácidos graxos, coloração, perda por cocção, perfil de textura, atividade de água, estabilidade oxidativa, proteica e microbiológica,
além da aceitabilidade dos produtos ao longo de sua vida útil por 75 dias de armazenamento embalado à vácuo sob refrigeração. A comparação entre o RUC e demais ingredientes utilizados nas dietas experimentais dos animais revelou que este resíduo possui a maior concentração de polifenóis identificados e biodisponíveis com consequente maior potencial antioxidante. O RUC em substituição a silagem de milho em até 35% na dieta de terminação de bovinos em confinamento possibilita excelente desempenho produtivo e redução significativa nos custos de produção, considerando os valores de mercado praticados atualmente. Quanto ao produto final, a carne bovina com a inclusão de RUC na dieta dos animais apresenta maior quantidade de ácidos graxos benéficos à saúde dos consumidores, com maior estabilidade oxidativa e aumento na maciez. Quanto a vida útil da carne bovina durante o armazenamento sob condições comerciais, a inclusão de até 35% de RUC nas dietas de terminação de bovinos como fonte forrageira não promoveu qualquer efeito indesejável. O uso do RUC em substituição a silagem de milho em dietas de bovinos de corte pode ser adotado como uma estratégia para reduzir o custo de alimentação e pelo uso de um material que apresenta a necessidade de ser reciclado. Além disso, o material é fonte de polifenois, proporcionando incremento em atributos importantes de qualidade da carne, tais como: maciez, perfil de ácidos graxos e estabilidade oxidativa.
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