O papel da imaginação na teoria ética Rousseauniana
Resumo
Neste estudo, por meio da análise dos conceitos de homem natural e homem civil, presentes
na teoria rousseauniana, o objetivo central será compreender quais são as paixões que o autor
atribui ao homem quando este vivia no estado de natureza, assim como as paixões que ele
confere quando os homens começam a viver em sociedade. A descrição do comportamento
humano a partir dessas paixões e a busca por estabelecer parâmetros éticos geram ao filósofo
uma crítica: o acusam de formular uma ética sentimentalista. Defenderemos aqui que essa
acusação não procede, pois o autor, apesar de valorizar conceitos como o amor-de-si, o amorpróprio
e a piedade utiliza-se da imaginação. Com o intuito de conciliar esses dois polos,
iniciaremos explorando a definição de Rousseau sobre o amor-de-si, sentimento responsável
pelo extinto de sobrevivência e o responsável pelo surgimento das demais paixões, entre elas
o amor-próprio, culpado pela corrupção do homem, pois é a partir deste sentimento que
surgem os conflitos e a exploração de um indivíduo sobre o outro. Contudo, o amor-de-si
também dará origem à piedade, sentimento que se opõe ao amor-próprio na medida em que
provoca a solidarização de um sujeito para com seus semelhantes. Ao entrarmos nessa
questão nos deparamos com outro problema, para Rousseau a piedade encontra-se dividida
em três formas: piedade natural, piedade social e piedade teatral, sendo que o autor defenderá
cada um desses aspectos nas obras Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade
entre os homens, Ensaio sobre a origem das línguas e Carta a D’Alembert. Sendo assim,
difícil afirmarmos se esses conceitos são antagônicos, mas será essa a impressão em um
primeiro contato; ou, ainda, se eles se complementam, pois, na medida em que o homem troca
o estado de natureza pelo estado civil, troca, assim, uma piedade pela outra. O fato é que ao
admitirmos uma piedade social, admitimos a importância da imaginação na teoria ética
rousseauniana. Logo, razão e sentimentos se associarão. A discussão, por fim, versa sobre o
papel da imaginação na ética Rousseauniana: será que ela dos dará a segurança e estabilidade
que os sentimentos não proporcionam?
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