Avaliação da Vanillosmopsis arborea Baker e (-)-α-bisabolol frente a parâmetros oxidativos e toxicológicos
Resumo
A Vanillosmopsis arborea Baker pertence à família Asteraceae e apresenta reconhecido valor econômico devido às suas propriedades anti-inflamatórias, provenientes do sesquiterpeno (-)-α-bisabolol (BISA), o qual está presente em concentrações elevadas no óleo essencial de sua madeira (OEVA). O BISA é utilizado em uma grande variedade de produtos dermatológicos. Alguns estudos sugerem que os efeitos farmacológicos deste sesquiterpeno, bem como do OEVA, podem estar relacionados a sua atividade antioxidante. A rotenona, um pesticida que atua como inibidor do complexo I da cadeia transportadora de elétrons mitocondrial, tem sido utilizada em modelos experimentais de parkinsonismo por causar aumento na produção de espécies reativas de oxigênio (EROs). O objetivo deste estudo foi avaliar a atividade antioxidante de V. arborea, bem como o potencial antioxidante, neuroprotetor e toxicológico do (-)-α-bisabolol em diferentes modelos experimentais. Primeiramente, foi avaliado o efeito in vitro do OEVA e extrato de V. arborea na produção de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) induzido por Fe(II) e oxidação da diclorofluoresceína (DCFH) em homogeneizado de cérebro de ratos, o potencial antioxidante através do teste de sequestro do radical DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazil) e a atividade quelante. Os extratos de V. arborea apresentam atividade antioxidante in vitro demonstrado através da diminuição da peroxidação lipídica induzida por Fe(II), e também pela capacidade de sequestrar o radical DPPH. Além disso, o OEVA e BISA reduziram a oxidação da DCFH induzida pelo H2O2. O efeito do BISA foi também avaliado em modelo de citotoxicidade e genotoxicidade em células monocucleares e hemácias de sangue periféricos (CMSP) humano. O BISA reduziu a viabilidade celular, causou dano nuclear e atividade hemolítica somente quando as células foram expostas à altas concentrações. Após, o efeito antioxidante e neuroprotetor do BISA foi avaliado in vivo utilizando Drosophila melanogaster como organismo modelo. As moscas da fruta foram expostas à rotenona e/ou BISA e foram observados parâmetros comportamentais, utilizando os testes de geotaxia negativa e mortalidade. Neste modelo, também foi determinada a immunorreatividade da tirosina hidroxilase (TH), a expressão dos genes superóxido dismutase (SOD), catalase e Keap 1 (relacionados à via de sinalização do estresse oxidativo), além do conteúdo de tióis e atividade do complexo I mitocondrial. O BISA não demonstrou toxicidade no modelo de D. Melanogaster. O BISA diminuiu a mortalidade e a perda da atividade locomotora em D. Melanogaster expostas a rotenona. A alteração na expressão de RNAm da SOD causada pela rotenona foi normalizada pelo tratamento com BISA (250 μM). O co-tratamento com BISA não modificou os outros parâmetros testados. Em conclusão a V. arborea apresenta atividade antioxidante. O BISA, principal constituinte do óleo essencial, demonstrou atividade antioxidante e neuroprotetora, além de não demonstrar toxicidade em modelo experimental utilizando D. melanogaster. A citotoxicidade e a genotoxicidade deste composto foi observada somente em altas concentrações e por um longo período de exposição em CMSP. Assim sendo, nossos resultados mostram que o BISA protege contra a toxicidade induzida por rotenona. Nossos estudos demonstraram que V. arborea e seu composto majoritário apresentam efeito antioxidante, neuroprotetor, com baixa toxicidade e sugere sua potencialidade como possível agente terapêutico.
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