Caracterização fundiária e dimensionamento de florestas de Acacia mearnsii de Wild na metade sul do Rio Grande do Sul
Resumo
A Acácia-negra (Acacia mearnsii) é uma espécie importante na economia do Rio Grande do Sul, visto que a casca pode ser aproveitada para extração de tanino e a madeira para fabricação de papel e celulose, chapas de aglomerados, carvão e lenha e se destaca por estar presente nas propriedades rurais de muitas famílias. O trabalho foi realizado em 29 municípios da Metade Sul do RS e objetivou-se quantificar os plantios de Acácia-negra, caracterizar o perfil fundiário dos reflorestadores e identificar critérios que o definam, bem como analisar a concentração de áreas plantadas e gerar prognoses em relação a capacidade instalada de oferta e consumo de Acácia-negra. Por meio da classificação de imagens do satélite Landsat 8 dos anos de 2016 e 2017, foram quantificados 34.211,00 hectares de Acácia-negra obtendo uma precisão de 0,91 pelo Índice Kappa. Por meio da aplicação de questionários a campo, foi possível identificar que 31,81% dos reflorestamentos estão em áreas arrendadas e 68,19% em áreas próprias. Do total de entrevistados, 9,09% consideram a atividade florestal como principal fonte de renda, 40,08% como atividade complementar e 50 % não consideram o plantio de Acácia fator importante na determinação da renda. A análise discriminante caracterizou dois grupos distintos de produtores sendo eles: “Perfil para continuar reflorestando (a)” e “Perfil para não continuar reflorestando (b)”, sendo que 56,81% pretendem continuar no setor florestal e 43,18% não continuarão reflorestando. Observou-se que o mercado da Acácia-negra foi drasticamente afetado pela crise mundial de 2008, porém há atualmente uma grande disponibilidade de matéria-prima o que reduz o preço pago pelos reflorestamentos. A análise relacionada a oferta e demanda de matéria-prima constatou que a área reflorestada atualmente comportaria em torno de 2 a 3 anos de consumo. Vista a tendência de 43,18% dos produtores deixarem de reflorestar, esse número deve ser ainda mais agravante. O Índice de Gini calculado demonstrou uma alta concentração de áreas reflorestadas, com valor médio de 0,72. Por fim, verificou-se que o perfil dos reflorestadores está mudando, visto que as plantações de Acácia estão deixando de pertencer a pequenos produtores, migrando para grandes reflorestamentos vinculados principalmente a empresas de base florestal, fato esse evidenciado pela alta concentração de áreas.
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