A simbólica do mal na hermenêutica fenomenológica de Paul Ricoeur
Resumo
A presente dissertação visa a expor a simbólica do mal desenvolvida pelo método hermenêutico e
fenomenológico do autor francês Paul Ricoeur (1913-2005). Dentro do escopo delimitado, dois aspectos são
centrais: o primeiro consiste na descrição do método hermenêutico e fenomenológico desenvolvido por Ricoeur;
o segundo está em expor o trabalho interpretativo que o autor realiza sobre os símbolos da confissão religiosa do
mal que considera essenciais à mentalidade ocidental, a saber, os símbolos e mitos pertencentes à cultura
hebraica, cristã, helênica, e do Oriente Médio antigo. Iremos explorar en passant os pressupostos filosóficos que
levam o autor rumo à problemática do mal, sobretudo as influências da filosofia da existência majoritariamente
desenvolvida no século XX, bem como a fenomenologia de Husserl. A preocupação desta etapa está em mostrar
ao leitor o período “pré-simbólico” de Ricoeur, no princípio do desenvolvimento de sua filosofia da vontade. Na
segunda etapa, pretendemos realizar uma explanação minuciosa da transição metodológica da filosofia de
Ricoeur que passa de uma fenomenologia pura para uma hermenêutica fenomenológica. Ricoeur irá chamar sua
transição de “enxerto hermenêutico na fenomenologia”, e a razão para esta transição de método está justamente
nos limites que vislumbrara ao tentar abordar a problemática do mal no seio de uma descrição eidética. Ricoeur
pretende trazer o problema hermenêutico da semântica das expressões multívocas para dentro da fenomenologia.
Há um pressuposto que opera ao fundo da concepção hermenêutica de Ricoeur, que é o de que o acesso à
compreensão de si e do ser é sempre mediado pelos signos da cultura. O propósito que anima a discussão
metodológica do segundo capítulo é trazer maior inteligibilidade ao esforço interpretativo que será exposto na
etapa seguinte, onde iremos reproduzir direta e integralmente o trabalho exegético sobre os símbolos que
Ricoeur realiza em A Simbólica do Mal de 1960. A diferença da abordagem estrutural e eidética que iremos
expor na primeira etapa para a abordagem tipológica dos símbolos e dos mitos que reservamos para o final deste
trabalho são contrastantes, e é a esse ponto de divergência que se busca elucidar pela suspensão da exposição
cronológica da filosofia da vontade de Ricoeur, que passa da descrição fenomenológica da vontade para a
apreensão do momento de erupção da vontade que descamba para ação má, e para o mal sofrido.
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