Manejo biológico de Meloidogyne javanica em hortaliças: aplicação de caldos fermentados enzimáticos oriundos de matrizes fúngicas
Resumo
O manejo biológico de nematóides destaca-se pela viabilidade na redução do agrotóxicos em sistemas agrícolas em prol da sustentabilidade da cadeia produtiva e à saúde humana. Com os avanços do conhecimento na bioquímica e biologia dos microrganismos, é possível obter produtos a partir de processos biotecnológicos, sendo alguns deles focados principalmente na produção enzimática para fins agrícola. Assim, objetiva-se avaliar, in vitro e in vivo, o efeito nematicida de caldos enzimáticos fúngicos no controle de ovos e juvenis (J2) de Meloidogyne javanica em alface e tomate em desenvolvimento inicial. Para tanto, 3 caldos enzimáticos oriundos de Metarhizium anisopliae, Beauveria bassiana e Trichoderma harzianum foram produzidos e filtrados para retirada da biomassa. A suspensão de ovos e J2 foram obtidas pelo método de peneiramento e funil de Baermann modificado, respectivamente. A seguir, colocaram-se 100μL de suspensões de ovos ou J2 em placas de Elisa. Posteriormente, aplicou-se 100μL dos extratos, volume formado por diversas proporções consorciadas de cada espécie (0, 25, 50, 75, 100, em %). O ensaio de inibição da eclosão de ovos foi composto por 17 tratamentos com 8 repetições e 3 períodos de incubação (24, 48 e 72 horas), períodos onde foram realizadas as avaliações. Já para o índice de mortalidade de juvenis foram utilizadas quatro repetições e tempo de incubação de 8, 16, 24 horas. Dentre os períodos avaliativos, houve diferença significativa entre os tratamentos, pelo teste de Scott-Knott (p ≤ 0,05), onde todos os caldos apresentaram maiores índices de inibição de ovos (66,67-87,04%) e mortalidade de J2 (44,44-90,00%) em relação à testemunha. Em decorrência, foram selecionados para os ensaios in vivo, os 3 melhores tratamentos: nematóides + água destilada estéril (testemunha) (T1), nematóides + 75% B. bassiana + 25% M. anisopliae (T2), nematóides + 75% B. bassiana + 25% T.harzianum (T3), nematóides + 100% B. bassiana (T4). Para o ensaio de avaliação de danos em alface, foram utilizadas 10 repetições, onde foi implantada a cultivar Irene (altamente suscetível). Sete dias pós-transplante, inoculou-se os nematóides e, por conseguinte, em 72 horas os caldos enzimáticos. Foram avaliados os seguintes parâmetros de interesse comercial em 25 dias pós-inoculação: número de folhas, peso matéria fresca folhas, peso matéria fresca caule, peso matéria seca folhas, população final de nematoides (ovos e juvenis) e taxa de eclosão de ovos. Já para o ensaio de penetração de juvenis em tomate, foram 6 repetições, onde a cultivar utilizada para o estudo foi a Santa Clara (suscetível). Sete dias pós-transplante, inoculou-se os caldos enzimáticos e 24 horas após, a suspensão de nematóides. A avaliação da taxa de penetração foi feita, 48 horas depois, pelo método de coloração de nematóides em raízes. Houve diferença significativa entre os tratamentos em relação à testemunha, pelo teste de Scott-Knott (p ≤ 0,05), sendo que T2, T3 e T4 obtiveram respostas positivas diante das variáveis avaliadas, porém o T4, na interação planta-nematoide-extrato, apresentou sintomas fitotóxicos. Assim, o uso de caldos enzimáticos surge como possível alternativa viável, inovadora e eficaz no controle de ovos e juvenis de M. javanica.
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