Influência do estresse térmico na produção de interferon tau e no estresse oxidativo de embriões bovinos produzidos in vitro
Resumo
Perdas gestacionais acontecem nos diferentes estágios da gestação por uma variedade de causas, contudo ocorrem com maior frequência nos primeiros 30 dias. Este decréscimo se torna mais grave quando os animais estão sob condições ambientais desfavoráveis. Fatores como a hipertermia podem reduzir as taxas de concepção em torno de 20-30%, quando compararmos aos meses em que o animal se encontra em condições de conforto térmico. Portanto, o estresse térmico é um problema encontrado no manejo de vacas leiteiras nos trópicos e subtrópicos, causando reduções na produção e reprodução. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a influência do estresse térmico no desenvolvimento embrionário, produção de interferon tau (IFNT) e estresse oxidativo em embriões produzidos in vitro (PIV). Para avaliar a influência do estresse térmico sobre a produção in vitro de embriões bovinos, foi proposto um modelo in vitro de estresse térmico. Esse modelo consiste em alterar a temperatura em fases distintas da PIV de embriões. Para induzir o estresse térmico, a temperatura foi gradualmente aumentada de 38,5ºC até chegar aos 40,5ºC, onde permaneceu por 6 horas. Após, a temperatura foi diminuída de forma gradativa, até retornar à 38,5ºC. Os grupos experimentais foram divididos em cinco: controle; oócitos submetidos ao estresse térmico durante a maturação in vitro (IVM HS); oócitos submetidos ao estresse térmico durante a fertilização in vitro (IVF HS); zigotos submetidos ao estresse térmico durante o primeiro dia de cultivo in vitro (IVC HS); e embriões submetidos ao estresse térmico durante os três primeiros dias de produção in vitro (IVM+IVF+IVC HS). Todos os grupos submetidos ao estresse térmico tiveram diminuição nas taxas de clivagem e blastocisto, diminuição da expressão gênica e proteica de IFNT e aumento do estresse oxidativo. O número de células por blastocisto, número de células do trofoblasto e expressão de genes de sobrevivência celular AKT e XIAP não tiveram diferença entre os grupos. Quanto aos genes de estresse celular, apenas a HSP70 teve diferença entre os grupos, mostrando-se aumentada em todos os grupos submetidos ao estresse térmico. Apesar do estresse térmico ser amplamente estudado como fator limitante na reprodução em função da diminuição de níveis hormonais, qualidade de gametas e viabilidade embrionária, foi demonstrado pela primeira vez a diminuição da produção de IFNT em embriões submetidos ao estresse térmico nos primeiros dias de desenvolvimento.
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