Condrotoxicidade e efeitos inflamatórios in vitro e in vivo da ropivacaína em equinos
Resumo
Os anestésicos locais são rotineiramente usados no diagnóstico de claudicações e controle da dor
articular em equinos. Contudo, devido à sua potencial toxicidade, devem ser usados com cautela pelo
risco de desenvolvimento de doença articular. Estudos prévios em humanos demonstram a ropivacaína
como uma alternativa menos tóxica, motivando o interesse no uso deste anestésico pela via intraarticular
(IA) em equinos. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos IA da ropivacaína em
técnicas in vitro e in vivo. Para avaliação de viabilidade, condrócitos em monocamada foram divididos
em seis grupos e expostos a 30 minutos dos seguintes tratamentos: meio condrogênico (DMEM),
ropivacaína 7.5mg/ml, ropivacaína 10mg/ml, solução salina 0.9%, mepivacaína 20mg/ml e
mepivacaína 30mg/ml. A viabilidade dos condrócitos foi avaliada pelos métodos de trypan blue, MTT
e citometria de fluxo com fluoróforo iodeto de propídio. Para avaliação de expressão gênica in vitro
foram utilizados cultivos de condrócitos em pellets submetidos a 30 minutos dos seguintes
tratamentos: mepivacaína 20 mg/ml, ropivacaína 10mg/ml e solução salina 0.9%. As células foram
avaliadas por Reação em Cadeia Polimerase Quantitativa em Tempo Real (qPCR) para investigar a
expressão de Il1, Il6, Mmp9, Mmp13, Acan e Col2a1. O estudo in vivo foi realizado com a
administração IA de ropivacaína 10mg/ml e solução salina nas articulações tibiotársicas de oito
pôneis. Imediatamente antes da administração dos tratamentos e 24 horas depois foi realizada coleta
de líquido sinovial. As amostras foram avaliadas quanto à contagem de células nucleadas, proteína
total e qualidade da mucina. Sob anestesia geral, através de portais artroscópicos, foram coletadas
amostras de sinóvia, para determinação de concentrações de Ibl1, Il6, Mmp9 e Mmp13, e cartilagem,
para as mesmas determinações mais Acan e Col2a1 por qPCR. A avaliação de viabilidade celular
produziu resultados distintos nos diferentes ensaios. No método de trypan blue não houve diferença; o
método de MTT demonstrou menor viabilidade de células tratadas com ropivacaína que DMEM.
Diferentemente, a citometria de fluxo não evidenciou diferenças entre ropivacaína 7.5mg/ml e
DMEM. Em condrócitos cultivados em pellets, a expressão dos genes avaliados foi semelhante nos
tratamentos com mepivacaina, ropivacaína e salina. Nos pellets tratados com mepivacaína e
ropivacaína houve reduçãos da expressão de Il6 e Mmp13 antes e após o tratamento. Enquanto a
exposição à ropivacaína suprimiu os níveis de Mmp9, A exposição à mepivacaína resultou em
aumento na expressão de Col2a1. Os resultados in vivo demonstraram que ropivacaína e salina causam
inflamação no líquido sinovial, observado pelo aumento de celularidade, quando aplicados via IA.
Entretanto, não foram observadas diferenças entre marcadores anabólicos e catabólicos de cartilagem
entre tratamentos. Apenas os níveis de Mmp9 na sinóvia foram aumentados após tratamento com
ropivacaína. Os resultados in vitro deste trabalho sugerem que a curta exposição à ropivacaína pode
resultar em menor taxa de morte celular que a exposição à mepivacaína; adicionalmente, a exposição à
ropivacaína não causa perda da homeostase dos condrócitos. Por fim, o estudo in vivo revelou
similaridade entre os efeitos do tratamento IA da ropivacaína e salina, sugerindo ser este anestésico
uma opção segura para o uso IA.
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