Caracterização, ecotoxicologia e uso de substratos oriundos de resíduo de abatedouro de suínos para produção de mudas cítricas
Resumo
A carne suína vem sendo a proteína mais consumida no mundo e com níveis de produção expressivos quando comparada as demais atividades pecuárias. Entretanto, esse cenário de expansão no setor se traduz também em geração de grande quantidade de resíduos de abate, muitas vezes disposto irregularmente em áreas agrícolas, acarretando em desequilíbrio ambiental. Dessa forma, o objetivo da presente tese foi obter informações sobre a toxicidade do resíduo de abatedouro de suínos sobre as minhocas (Eisenia andrei), plantas de alface (Lactuca sativa L.), rabanete (Raphanus sativus L.) e arroz (Oryza sativa L.), como bioindicadores, bem como caracterizar o potencial do resíduo como substrato para a produção do porta-enxerto cítrico Poncirus trifoliata (L.) Raf. Para tal, o estudo foi conduzido em três etapas: na primeira o resíduo de abatedouro de suínos passou pelos processos de compostagem (aerada e natural) e vermicompostagem, exceto o tratamento in natura, que foi avaliado com o resíduo fresco, compondo os tratamentos constituintes das etapas posteriores. Dessa forma, os tratamentos foram: Resíduo de abatedouro de suínos “in natura” (RASin); Resíduo de abatedouro de suínos compostado com aeração (RASc); Resíduo de abatedouro de suínos compostado naturalmente sem revolvimento (RASn); Resíduo de abatedouro de suínos vermicompostado (RASv). Na segunda etapa do estudo, foi realizado a caracterização química, física e biologica, bem como a caracterização ecotoxicológica através dos testes de fitotocixidade em alface, rabanete e arroz e com as minhocas Eisenia andrei por meio de testes de toxicidade aguda e crônica, assim como um conjunto de biomarcadores enzimáticos. Na terceira etapa, os tratamentos foram constituídos do RASin, RASc, RASn e RASv e diferentes porcentagens de solo, além de um tratamento com substrato comercial Carolina Soil® para produção de mudas do porta-enxerto cítrico Poncirus trifoliata (L.) Raf. Avaliações biométricas foram feitas e macro e micronutrientes foram determinados na massa seca da parte aérea do porta-enxerto. Como principais resultados, pode-se destacar que o resíduo de abatedouro de suínos possui características químicas e físicas satisfatórias para o uso como substrato, principalmente após os processos de estabilização, o que permitiu e favoreceu o desenvolvimento das mudas do porta-enxerto cítrico Poncirus trifoliata (L.) Raf., independente da porcentagem utilizada, embora o aumento da porcentagem de resíduo, tenha se mostrado mais eficiente para suprir a demanda de macro e micronutrientes das mudas do porta-enxerto cítrico. Do ponto de vista ecotoxicológico, o resíduo na sua forma in natura e compostado mostrou-se com maior potencial toxicológico ao ambiente em relação ao vermicompostado. Isso sugere, que o resíduo de abatedouro de suínos precisa passar por um processo de estabilização mais avançado de decomposição antes de ser destinado ao solo.
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