Comércio varejista brasileiro: uma análise dos determinantes macroeconômicos das vendas
Resumo
A importância do comércio varejista é evidenciada através do seu papel na geração de receitas, na oferta de
empregos e no atendimento das demandas de consumo das famílias, mostrando-se um setor de grande relevância
para o crescimento econômico brasileiro. O varejo no Brasil sofreu recentemente uma forte desaceleração, parou
de crescer em 2014 e apresentado uma forte retração em 2015 e 2016. Conforme Santos e Costa (1997), o
volume de vendas no varejo responde de forma relativamente rápida às mudanças na conjuntura
macroeconômica. Este trabalho procura contribuir através da verificação da existência, no longo prazo e no curto
prazo, de relações entre as vendas do comércio varejista brasileiro e os fatores da conjuntura econômica,
considerando o período de janeiro de 2010 a dezembro de 2017. As variáveis utilizadas neste estudo foram
massa salarial disponível, crédito à pessoa física, taxa de juros selic, taxa de juros das operações de crédito,
índice de confiança do consumidor e nível de endividamento e inadimplência do consumidor. Os dados mensais
foram obtidos nas bases do IPEA, do BCB e da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e
Turismo. Testes de raiz unitária tradicionais e para processos com quebra estrutural demonstraram que as taxas
de juros são estacionárias em nível, enquanto as demais variáveis são integradas de primeira ordem. Testes de
cointegração de Johansen e de Saikkonen e Lütkepohl indicaram a presença de pelo menos um vetor de
cointegração em cada modelo especificado, comprovando-se a existência de relação de longo prazo entre as
séries dos modelos. A partir disso, um modelo vetorial de correção de erros (VECM) é estimado e as relações no
curto e longo prazos são analisadas. De modo geral, os resultados demonstram que as variáveis
macroeconômicas impactam sobre as vendas no varejo com diferentes intensidades e direções. Verificou-se que
as vendas no varejo são positivamente influenciadas pela massa salarial e pelo crédito concedido à pessoa física;
o varejo restrito é positivamente influenciado pelas taxas de juros, enquanto que o varejo ampliado é
negativamente influenciado pelas taxas de juros; o varejo restrito é positivamente influenciado pelo índice de
confiança de consumidor e, com relação ao varejo ampliado, a variável não foi estatisticamente significativa; o
comércio varejista ampliado é positivamente influenciado pelo aumento do endividamento dos consumidores; e
as vendas no varejo ampliado e restrito são negativamente impactadas pela inadimplência dos consumidores. Na
maioria dos resultados, as respostas da variável de vendas no varejo, a partir de um choque das variáveis
macroeconômicas, se estenderam até o quinto período. Os resultados da decomposição da variância dos erros de
previsão das vendas no varejo ampliado apontam para o alto poder explicativo da própria variável de vendas no
varejo ampliado. Enquanto que no varejo restrito, os resultados demonstram uma maior participação na
explicação das variáveis taxas de juros, nível de inadimplência dos consumidores, além das próprias vendas no
varejo restrito.
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