Bandos mistos de aves em gradiente floresta-savana no sudoeste do Brasil
Resumo
Bandos mistos de aves são subconjuntos da comunidade onde espécies interagem positivamente para obter benefícios para evitar predadores e aumentar a eficiência de forrageamento. Estas interações podem ser mais ou menos reforçadas dependendo das espécies envolvidas, por fatores espaciais e ambientais que podem afetar a distribuição de espécies, e de acordo com os atributos e a filogenia das espécies envolvidas. Nesta tese, verifiquei a riqueza e composição dos bandos mistos de aves, bem como a partição da diversidade Beta e sua relação com o espaço (processos neutros) e filtros ambientais (processos baseados em nicho), e quais processos ecológicos conduzem a estrutura funcional e filogenética de bandos mistos em uma escala regional, no sudoeste do Brasil. A riqueza média por bando não mostrou variação entre os quatro tipos de vegetação, mas a composição foi significativamente diferente. Basileuterus culicivorus (líder), Casiornis rufus, Myiarchus tyrannulus e Turdus leucomelas (seguidores) foram as espécies mais frequentes na maioria das fitofisionomias. De acordo com a composição de espécies e gradientes em cada tipo de vegetação, classifiquei os bandos em quatro grupos principais: (1) pequenas espécies insetívoras de bandos heterogêneos; (2) espécies de dieta generalista de dossel; (3) espécies de savanas abertas; e (4) espécies de grande porte. Todos os tipos de vegetação presentes agregação mais do que por acaso. Associações de pares de espécies apresentaram muito mais agregação do que o acaso: Cerradão apresentou maior número de agregações que florestas Estacional Semidecidual e Ripária. Além disso, associações de pares de espécies líder-líder e líder-seguidor foram menos agregadas do que seguidores-seguidores, mas não houve diferença significativa para Cerradão. O espaço geográfico foi o componente mais importante na estruturação dos bandos mistos de aves tanto para tipos de bandos (sub-bosque, heterogêneos e dossel) quanto para tipos de vegetação (Ceradão, Floresta Ripária e Estacional Semidecídua). O componente de substituição espacial dos bandos de sub-bosque, heterogêneos, de floresteas Ripária e Semideciduais foi relacionado positivamente com a distância geográfica, enquanto a dissimilaridade de bandos heterogêneos foi positivamente relacionada com gradiente de temperatura e precipitação. No entanto, os bandos de sub-bosque apresentaram relação negativa com classes de distância superior a 400 km sugerindo uma similaridade de espécies de acordo com os tipos de floresta, e apoiando a teoria de nicho. Os padrões observados de beta diversidade de bandos mistos de aves sugerem ambos os processos neutros e baseados em nichos impulsionadas pela capacidade de dispersão e filtragem determinista das espécies em diferentes gradientes espaciais e ambientais. Bandos mistos podem ser estruturados de maneiras diferentes de acordo com sua diversidade filogenética e funcional. As características morfológicas das espécies participantes foram filogeneticamente conservadas enquanto as comportamentais foram mais instáveis ao longo da filogenia, ou mesmo convergentes. Filtros ambientais são, provavelmente, os mais importantes na organização dos bandos mistos na maioria dos ambientes florestais, enquanto que a facilitação é mais influente em savanas.
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