Parâmetros bioquímicos em guppy (Poecilia vivipara) e jundiá (Rhamdia quelen) expostos ao zinco
Resumo
Atividades antropogênicas, como agricultura, urbanização e mineração, podem aumentar a contaminação do ambiente aquático por metais. O zinco (Zn) é um mineral essencial que está envolvido em muitos processos biológicos. No entanto, este metal pode ter efeitos tóxicos para organismos aquáticos. Sendo assim, o primeiro objetivo deste trabalho foi avaliar a bioacumulação e os possíveis efeitos sobre parâmetros bioquímicos em jundiás (Rhamdia quelen) expostos a 0,0; 0,1; 0,25 e 0,5 mg L-1 de Zn por 96 h. Como segundo objetivo, avaliou-se os efeitos comportamentais e bioquímicos do guppy (Poecilia vivipara) expostos ao Zn (500 μg L-1) em águas com diferente salinidade (25 ppt) ou dureza (120 mg L-1 CaCO3). No primeiro experimento, os parâmetros analisados em jundiás foram bioacumulação e a dosagem de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico medidas através dos níveis de malondialdeído (MDA), proteína carbonil (PC), superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa S-transferase (GST), tióis não-proteicos (NPSH), ácido ascórbico (AA) em cérebro, brânquias, fígado e músculo. Os níveis de glicogênio, proteína, lactato, amônia e aminoácidos foram medidos em fígado e músculo. A acumulação do Zn foi observada nas brânquias (0,5 mg L-1), intestino e fígado (0,25 e 0,5 mg L-1). Os níveis de MDA aumentaram no cérebro e reduziram no fígado e músculo em todas as concentrações testadas. Houve diminuição da PC em cérebro e aumento dos seus níveis em fígado. A atividade da CAT no fígado foi reduzida em todos os grupos expostos e a atividade da GST diminuiu em cérebro (0,5 mg L-1) e em fígado (0,1; 0,25 e 0,5 mg L-1). Os níveis de NPSH aumentaram no músculo (0,5 mg L-1) e nas brânquias (0,25 e 0,5 mg L-1) e de AA em cérebro (0,5 mg L-1) e brânquias em todas concentrações testadas. A exposição ao Zn também alterou os parâmetros metabólicos, causando diminuição dos níveis de lactato e amônia no músculo, e a diminuição do glicogênio hepático. Houve aumento dos níveis de amônia, aminoácidos e proteína no fígado, e aumento do glicogênio e aminoácidos no tecido muscular. No segundo experimento, os guppies foram divididos em 6 grupos: controle, Zn (500 μg L-1), salinidade (25 ppt), dureza (120 mg L-1 CaCO3), salinidade (25 ppt) + Zn (500 μg L-1) e dureza (120 mg L-1 CaCO3) + Zn (500 μg L-1). Houve uma diminuição da distância percorrida pelo peixe em água dura e do número de entradas no topo, na dureza e dureza + Zn. A exposição ao Zn, registrou um aumento na velocidade máxima do peixe. As análises bioquímicas foram avaliadas no corpo inteiro do guppy, onde o MDA aumentou, exceto na associação entre a salinidade e o Zn. A PC não foi alterada no grupo salinidade, nos demais grupos, aumentou. O grupo Zn aumentou a quantidade de peróxidos totais, as espécies reativas de oxigênio, a capacidade antioxidante contra radicais peroxil, SOD e NPSH. E diminuiu as atividades da acetilcolinesterase e da Na+/K+-ATPase. O índice integrado das respostas dos biomarcadores (IBR) foi calculada para cada parâmetro para auxiliar na interpretação dos resultados e indicou que a água dura contendo Zn teve o maior efeito nos parâmetros bioquímicos dos guppies. Com estes resultados, podemos concluir que o Zn, mesmo em concentrações ambientais relevantes, alterou os parâmetros bioquímicos analisados. Houve acumulação do metal em alguns tecidos de jundiá e alterações em seus parâmetros bioquímicos e metabólicos. O Zn também alterou os parâmetros analisados no guppy, onde nem a salinidade, nem a dureza, foram capazes de proteger o peixe dos danos causados pelo metal.
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