Relação entre obesidade e ocorrência de síndrome metabólica equina em cavalos crioulos
Resumo
Os cavalos da raça Crioula que antes eram mantidos soltos em campos nativos, passaram a ser criados em cocheiras ou pastagens com alimentação rica em energia. Essas mudanças resultaram no surgimento de problemas como as doenças ortopédicas do desenvolvimento e a obesidade. Atualmen-te, sabe-se que animais obesos estão mais predispostos a desenvolver a síndrome metabólica equina (SME), que se caracteriza pelo aumento da adiposidade corporal, resistência insulínica (RI) e laminite. Em vista disso e considerando a literatura escassa acerca do tema na raça, os objetivos deste trabalho foram investigar a SME em cavalos Crioulos considerados obesos e avaliar a aplicabilidade do teste dinâmico com glicose de milho via oral (TGO) para o seu diagnóstico. Vinte e dois cavalos Crioulos de diferentes propriedades do Rio Grande do Sul foram alocados em três grupos de acordo com seu escore de condição corporal (ECC) e presença ou ausência de laminite; G1 (6/22): ECC<7 e tido como controle, G2 (8/22): ECC≥7 sem laminite e G3 (8/22): ECC≥7 com laminite. Histórico e exame clíni-co completo foram obtidos, seguidos de exame radiográfico dos cascos e mensuração ultrassonográfi-ca da espessura do tecido adiposo subcutâneo na região da base da cola, cernelha, atrás da escápula e retroperitoneal. Medidas morfométricas, além do ECC e escore da crista do pescoço também foram determinadas. A avaliação da curva glicêmica foi realizada por meio do TGO após um jejum de oito horas, sendo coletadas amostras de sangue antes e aos 30, 60, 75, 90, 120, 150, 180, 210 e 240 minu-tos (min) da administração de glicose. A concentração plasmática de insulina foi mensurada na amos-tra basal, aos 75 min e ao pico de glicose. Os animais do G3 apresentaram as maiores medidas mor-fométricas e concentrações plasmáticas de insulina. Diferenças (p<0,05) morfométricas e metabólicas foram observadas entre animais do G1 e os do G2 e G3. Em nove animais obesos (56,25%), o pico de glicose, bem como o pico de insulina em resposta ao TGO, ocorreu em tempo superior (120-180min) ao descrito na literatura (60-90min). Além disso, o tempo de retorno da glicose aos níveis basais foi diferente entre os grupos, caracterizando RI em 69% (n=11/16) dos animais obesos. A detecção da RI por meio do TGO somente foi possível porque a curva da resposta glicêmica ao teste foi determinada, uma vez que as concentrações plasmáticas de insulina se mantiveram dentro dos valores de referência. A gordura subcutânea da região da base da cola foi o fator mais fortemente correlacionado (R=0,87) com a RI. A amostragem de animais obesos aos 75 min, preconizada para detecção de hiperinsuline-mia, foi considerada inadequada se realizada sem a curva glicêmica. Estes resultados revelam diferen-ças claras relacionadas com a obesidade nas respostas de glicose e insulina de cavalos Crioulos frente ao TGO, reforçando a associação dessa condição com distúrbios metabólicos. Além disso, aumentam a acurácia no diagnóstico da SME, permitindo sua identificação antes da ocorrência de laminite.
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