Guaraná, um fruto ultracafeinado, apresenta efeito in vitro antitumoral e na atividade quimioterápica em células de câncer colorretal e de mama
Resumo
Introdução: Dentre os cânceres mais incidentes destacam-se o câncer colorretal (CCR) e o
de mama. Extratos antioxidantes são amplamente utilizados, não apenas para prevenir
neoplasias, mas ainda durante o tratamento quimioterápico, como é o caso da Paullinia
cupana (guaraná). Um estudo in vitro prévio sugeriu que o guaraná poderia ter ação
antitumoral contra o câncer de mama, potencializando ainda o efeito de oito tipos de
quimioterápicos. Entretanto, se esse efeito também ocorre no CCR e qual seria o
mecanismo causal pelo qual o guaraná age nas células tumorais são questões não
esclarecidas, até o presente momento. Considerando as propriedades biológicas do
guaraná, pode-se inferir que o mesmo teria efeito antitumoral via modulação das rotas da
Proteína Alvo da Rapamicina em Mamíferos (mTOR) e das Proteínas Quinases Ativadas por
Mitógenos (MAPKs). Objetivo: Avaliar o efeito antitumoral in vitro do extrato hidroalcóolico
do guaraná e das suas principais moléculas bioativas nas células de CCR e de mama,
assim como, na atividade quimioterápica em células de CCR. Métodos: o estudo foi
realizado em duas linhagens celulares HT-29 e MCF-7, para CCR e câncer de mama,
respectivamente. A linhagem celular HT-29 foi exposta a diferentes concentrações de
guaraná, bem como, às suas principais moléculas bioativas, cafeína, teobromina e
catequina. Para a avaliação do efeito do guaraná na atividade quimioterápica, as células HT-
29 foram expostas a concentrações antitumorais do guaraná mais eficazes, bem como, a
dos seus compostos bioativos em associação ao quimioterápico Oxaliplatina. Já a linhagem
celular MCF-7 foi exposta a diferentes concentrações de guaraná e apenas a sua molécula
biotiva mais prevalentes, a cafeína. Foram avaliados parâmetros de viabilidade e
proliferação celular, alterações no ciclo celular, ativação da via apoptótica, expressão de
proteínas associadas ao câncer, modulações na rota da mTOR e das MAPKs, via análises
espectrofotométricas, fluorimétricas e moleculares. Além disso, parâmetros de citotoxicidade
do extrato foram realizados em células saudáveis, usando linhagem de fibroblastos (HFF-1)
e Células Mononucleares do Sangue Periférico (CMSPs). Resultados: O guaraná exibiu
atividade antitumoral em determinadas concentrações (0.1; 1; 10; 30; 100 e 300 μg/mL),
assim como, as suas moléculas bioativas, tanto em HT-29 quanto em MCF-7. Além disso,
foi averiguado um aumento da ação do fármaco em algumas concentrações (30; 100 e 300
μg/mL) do guaraná e seus bioativos em células HT-29. O guaraná não interferiu
negativamente na ação da Oxaliplatina. O guaraná e a cafeína inibiram proteínas das vias
MAPKs e mTOR nas células MCF-7. Entretanto, nas células HT-29 o guaraná apenas inibiu
a rota da mTOR, já a cafeína não apresentou nenhum efeito significativo. Como esperado, o
guaraná não exibiu citotoxicidade a células saudáveis. Portanto, os resultados sugeriram
que o guaraná apresentou atividade antitumoral contra células de câncer de mama e CCR, e
ainda, potencializou a ação da Oxaliplatina em células de CCR. Assim, o guaraná poderia
ser usado como um suplemento durante o tratamento quimioterápico, a fim de potencializar
resposta antitumoral e assim, diminuir a resistência dessas células.
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