Análise filogenética e filogeográfica de isolados de Pythium insidiosum através do marcador genético Exo1 e suscetibilidade aos compostos metálicos
Resumo
Pythium insidiosum é o oomiceto aquático causador da pitiose, uma doença piogranulomatosa de difícil tratamento que acomete os animais e humanos. No Brasil, a doença é frequentemente descrita em equinos nas regiões do Pantanal Mato-grossense e no Rio Grande do Sul. A Tailândia é um país endêmico para a pitiose humana, onde a doença apresenta importantes níveis de morbidade e mortalidade. A pitiose apresenta uma progressão rápida e não há um tratamento padrão disponível, ocorrendo casos não responsivos aos quimioterápicos. P. insidiosum não possui ergosterol na membrana celular, e este componente é o principal alvo dos antifúngicos disponíveis atualmente. Este trabalho buscou analisar as características filogenéticas e filogeográficas de isolados brasileiros e tailandeses de P. insidiosum a fim de melhor compreender a evolução deste oomiceto, bem como caracterizar a susceptibilidade de P. insidiosum frente a compostos metálicos em busca de novas alternativas terapêuticas. Este estudo incluiu 16 sequências parciais de DNA da região Exo-1,3-ß-Glucanase (exo1) de isolados brasileiros de P. insidiosum, 23 sequências de isolados tailandeses e 2 cepas-padrão. As análises filogenéticas empregaram as metodologias de máxima parcimônia (MP), Neighbor-joining (NJ), máxima verossimilhança (ML) e análise Bayesiana (BA). As análises filogeográficas envolveram a avaliação da diversidade nucleotídica, do polimorfismo, da variância molecular (SAMOVA e AMOVA), do grau de divergência genética (FST) e testes de neutralidade, os quais foram realizados com 31 das sequências de DNA exo1 de P. insidiosum com origem geográfica conhecida. exo1 provou ser um bom marcador para estudos filogenéticos e filogeográficos. Foi obtida uma árvore consenso dos quatro métodos utilizados, onde observou-se três grupos distintos compatíveis com análises anteriores com outros marcadores moleculares. Nas análises filogeográficas, os isolados tailandeses apresentaram grande diversidade, confirmando sua origem mais antiga em relação aos isolados brasileiros. Foram observados padrões de estruturação entre os isolados brasileiros, sugerindo uma expansão recente destes e apontando a necessidade de novos estudos com maior número de amostras destas regiões. Na avaliação da susceptibilidade in vitro de P. insidiosum (n=23) aos compostos metálicos contendo cádmio, chumbo, cobre, manganês e zinco foram realizados o teste de microdiluição em caldo com base no documento M38-A2. As concentrações inibitórias e fungicidas mínimas foram estabelecidas para todos os isolados. Acetato de cobre e acetato de cádmio apresentaram concentração inibitória mínima variando 4-64 μg/mL e 16-256 μg/mL, respectivamente. Estes resultados sugerem que o cobre e o cádmio podem inibir o crescimento de P. insidiosum, destacando a maior atividade inibidora de acetato de cobre. Além disso, este estudo sugere que compostos de cobre e/ou cádmio podem ser utilizados em futuras pesquisas para formular fármacos eficazes contra P. insidiosum.
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