Caracterização química e atividades biológicas de extrativos obtidos de Nectandra grandiflora Nees e Ocotea lancifolia (Shott) Mez
Resumo
A presente tese visa contribuir com o conhecimento químico e o potencial biológico de espécies arbóreas da família Lauraceae nativas do Brasil, assim como encontrar aplicações para os extrativos identificados. Desse modo, extrativos foram obtidos das espécies Nectandra grandiflora Nees e Ocotea lancifolia (Schott) Mez e estudados de acordo com os seguintes objetivos: I) Avaliar se o óleo essencial (OE) de N. grandiflora (OENG) e seu constituinte majoritário, (+)-deidrofuquinona (DHF), apresentam potencial fungitóxico frente a fungos apodrecedores de madeira; II) Verificar se a variabilidade da produção de OE, composição química e atividade antifúngica de uma população de O. lancifolia durante um ano; III) Caracterizar detalhadamente os extrativos foliares de O. lancifolia e verificar seu potencial como antioxidante e como agente preservante de madeira; IV) Avaliar a influência de três métodos de extração sobre o rendimento de extrato etanólico de N. grandiflora, suas propriedades químicas e físicas e V) Avaliar o potencial sedativo-anestésico do OE de N. grandiflora e do constituinte DHF em modelo animal. Os OE foram obtidos através da hidrodestilação e analisados em cromatografia gasosa. A análise multivariada foi usada para verificar a variabilidade dos OE de folhas, inflorescências e frutos de O. lancifolia (OEOL) durante o ano de coleta. Os extratos etanólicos foram obtidos através da extração convencional com uso de Soxhlet, ultrassom e micro-ondas e as técnicas de cromatografia líquida (CL-EM), infravermelho e termogravimétrica foram usadas para as caracterizações principais. Nos ensaios antifúngicos utilizaram-se isolados de Pycnoporus sanguineus, Gloeophyllum trabeum, Trametes versicolor e Fusarium moniliforme. A atividade antioxidante dos extratos foi avaliada através da metodologia de redução dos radicais DPPH e ABTS. Os efeitos sedativo-anestésicos foram avaliados em juvenis de jundiá e as concentrações testadas foram: 23-828 mg/L de OENG e 9-160 mg/L de DHF. O OENG (5 μL/mL) inibiu o crescimento micelial fúngico a partir de 70% com IC50 iguais a 0,39 e 1,22 μL/mL para G. trabeum e P. sanguineus, respectivamente. A DHF (1,25 mg/mL) também foi efetiva contra os fungos mencionados (76.06-79.45%). Maiores teores de OEOL obtidos de folhas foram observados na primavera (1,03%) e no verão (0,96%), sendo o óxido de cariofileno o constituinte predominante, enquanto que o β-quenopodiol, encontrado em duas amostras, foi a principal diferença química detectada pela análise multivariada. O OEOL de folhas apresentou maior atividade fungitóxica contra F. moniliforme (67,5%). As análises de CL-EM indicaram a presença de derivados da quercetina nos extratos de ambas as espécies. Entre os métodos de extração avaliados, o convencional mostrou rendimento e estabilidade térmica superiores para os extratos de N. grandiflora, no entanto as composições químicas dos diferentes extratos foram semelhantes. Potencial antioxidante foi verificado para todos os extrativos avaliados. Amostras de madeiras tratadas com extrativos de O. lancifolia a 4% apresentaram perdas de massa menores que 8%. Os animais expostos a 92-828 mg/L de OENG e a 50-160 mg/L de DHF atingiram o estágio de anestesia. Diante dos resultados, foi possível identificar diferentes classes de metabólitos secundários nas espécies estudadas e delinear suas promissoras aplicações, no âmbito dos antioxidantes naturais, anestésicos para uso veterinário e agentes fungitóxicos.
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