Análise das atividades farmacológicas e toxicidade de Urera baccifera Gaudich
Resumo
A espécie Urera baccifera (L.) Gaudich. ex Wedd., nativa do Brasil, tem suas raízes utilizadas popularmente para micoses e hiperplasia prostática. Esta planta apresenta espinhos urticantes que causam irritações dérmicas e deram origem aos seus nomes populares: urtigão-do-mato, urtiga-brava e urtiga-vermelha. Na literatura poucos são os estudos acerca da toxicidade desta planta e somente estudos de atividade anti-inflamatória das suas folhas foram encontrados. Dessa forma, este estudo objetivou avaliar a atividade anti-inflamatória e antinociceptiva, antiviral, antifúngica, antibacteriana e antitumoral das folhas e raízes do vegetal, bem como avaliar sua genotoxicidade e citotoxicidade, correlacionando os resultados obtidos com seus constituintes químicos determinado por cromatografia liquida de alta eficiência acoplada a detector diodos e detector de massas (CLAE-DD-EM). As folhas e raízes foram coletadas, extraídas por maceração e fracionadas com clorofórmio, acetato de etila e butanol. A atividade anti-inflamatória e antinociceptiva foi realizada em camundongos Swiss adultos machos, a atividade antiviral foi determinada em células HEP-2 infectadas com Vírus Herpes tipo 1 e a atividade antimicrobiana em bactérias, fungos e algas foi realizada por microdiluição em caldo. A genotoxicidade foi realizada em radículas de Allium cepa (ensaio in vivo) e em dsDNA (ensaio in vitro), já a citotoxicidade in vitro foi verificada pelo ensaio clonogênico. A atividade antitumoral foi determinada em células de adenocarcinoma prostático humano. A quantificação de metabólitos secundários foi realizada em HPLC-DAD-MS, pesquisando-se a presença de diversos polifenois. Nos ensaios realizados não foi verificada atividade anti-inflamatória e antinociceptiva para a planta por via oral, entretanto uma excelente atividade antiviral foi observada in vitro para todas as amostras. As frações da planta foram ativas contra Klebsiella pneumoniae, Prototheca zopfii e Saccharomyces cerevisiae. Uma elevada genotoxicidade foi verificada para as raízes de U. baccifera, sendo esta mais reduzida para suas folhas, ocorrendo o inverso nos ensaios de citotoxicidade. As folhas da planta se mostraram mais ativas do que as raízes no ensaio de atividade antitumoral. Foram quantificadas nas amostras as isoflavonas daidzeína, genisteína e glicitina, substâncias correlacionadas com as ações farmacológicas observadas neste trabalho. As folhas e raízes apresentaram resultados promissores neste estudo, porem necessitam de maiores estudos antes de seu uso ser considerado seguro e eficaz como planta medicinal. Adicionalmente, se faz importante a descoberta dos mecanismos de ação antitumoral, antiviral e antibacteriano, além do isolamento dos constituintes ativos da planta.
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