Atividade das enzimas do sistema purinérgico em plaquetas de pacientes com mieloma múltiplo
Resumo
O mieloma múltiplo (MM) caracteriza-se como um tumor de células plasmocitárias que corresponde a aproximadamente 10% das neoplasias hematológicas. Até os dias de hoje é considerada como uma doença incurável, que pode durante o seu percurso, apresentar complicações como sangramentos ou trombose. A hemostasia é o equilíbrio entre pró-coagulantes e anticoagulantes, com o objetivo de prevenir a perda de sangue. As ectonucleotidases, presentes na superfície plaquetária, são responsáveis pela regulação dos níveis extracelulares de nucleotídeos de adenina. ATP e ADP, bem como o nucleosídeo adenosina, têm sido implicados em um grande número de funções fisiológicas: o ADP é o principal fator recrutador de plaquetas, enquanto que o ATP é um inibidor competitivo da agregação induzida por ADP. A adenosina é uma molécula capaz de induzir vasodilatação e inibir a agregação plaquetária. O processo de ativação plaquetária é acompanhado pela secreção de proteínas plaquetárias, como o fator 4 plaquetário (PF4) e o aumento da formação de tromboxano (TXA2). Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade das ecto-enzimas (E-NTPDase, E-5’-nucleotidase e E-ADA) nas plaquetas e mensurar as concentrações de PF4 e TXA2 em pacientes com MM. Os resultados demonstraram uma redução significativa na atividade da E-NTPDase para hidrólise de ATP tanto nos pacientes tratados (p<0,001) como naqueles que estavam sem receber tratamento (p<0,05) para MM. Essa redução pode acarretar em uma diminuição dos níveis extracelulares de ADP, já que essa enzima é responsável pela conversão de ATP em ADP, o que estaria reduzindo a agregação plaquetária nos pacientes com MM. Quando avaliou-se a atividade da enzima E-5’-nucleotidase, nenhuma diferença estatística foi observada nesses pacientes. Um aumento significativo (p<0,001) na atividade da E-ADA foi observado nos pacientes com MM realizando tratamento, podendo esse ter ocorrido como uma resposta fisiológica ao aumento de adenosina nesses pacientes. A adenosina tem propriedade antiagregante e vasoprotetora e o seu aumento pode estar relacionado com os medicamentos utilizados por esses pacientes. As dosagens de PF4 e TXB2 (metabólito estável do TXA2) revelaram valores séricos menores dessas substâncias nos pacientes com MM não tratados (p<0,05; p<0,001) e MM tratados (p< 0,01; p< 0,001) em relação ao grupo controle. Esses dados revelam uma menor capacidade de agregação e ativação de plaquetas nos pacientes com MM, e evidenciam a participação da sinalização purinérgica na hemostasia desses pacientes.
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