Estudo etnobotânico, microbiológico e perfil toxicológico in vitro e in vivo de Rhaphiodon echinus (Nees & Mart) Schauer
Resumo
As plantas medicinais têm sido muito utilizadas na medicina tradicional para o tratamento de várias doenças, especialmente porque tem baixo custo e baixa toxicidade em comparação com as drogas sintéticas. O interesse tóxico-farmacológicos destes produtos têm gerado grande interesse para a comunidade científica. Neste contexto, espécies da família Lamiaceae apresentam importâncias particulares, não só por causa de suas aplicabilidades na indústria de alimentos e cosméticos, mas também devido ao seu uso etnofarmacológico. A espécie Rhaphiodon echinus (Nees & Mart) Schauer, popularmente conhecida como “betônica”, é distribuída na parte Nordeste do Brasil e as infusões de suas folhas são usadas como chá para o tratamento da inflamação, infecção microbiana e como agente antitussígeno. Apesar de seu uso, não existe relatos sobre a toxicidade desta planta. Além disso, não há nenhuma evidência científica que justifica o uso terapêutico de R. echinus na medicina popular. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi investigar o perfil etnobotânico e toxicológico de R. echinus em diferentes modelos experimentais, bem como avaliar seu perfil fitoquímico e seu potencial antioxidante em modelos in vitro. Particularmente, avaliamos o perfil toxicológico da infusão do extrato das folhas de R. echinus (AEREi) em diferentes espécies (Artemia salina, Rhamdia quelen, Rattus norvegicus) e o potencial antioxidante e citotóxico do extrato aquoso (EARE) e etanólico (EERE) das folhas de R. echinus. Adicionalmente, o óleo essencial obtido a partir das folhas de R. echinus foi testado sozinho e em combinação com antifúngico (fluconazol e nistatina) e antibióticos (gentamicina, amicacina, ciprofloxacina e imipenem) contra várias cepas bacterianas (Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa) e fúngicas (Candida albicans, Candida krusei and Candida tropicalis). Além disso, a composição química do óleo essencial bem como dos extratos (infusão (EAREi), EARE, EERE) foi avaliado pelo CG-MS e HPLC, respectivamente. Os resultados indicaram que os extratos (extratos infusão (EAREi), EARE, EERE) contêm o ácido gálico, clorogênico, cafeico, elágico, e quercetina e rutina. O valor estimado de IC50 ás 24 h e 48 h foi 181,70 μg/mL (124,62-264,93) and 100,63 μg/mL (71,01-142,59), respectivamente com a Artemia salina (intervalo de confiança de 95%). No entanto, a exposição de jundiá (Rhamdia quelen) a diferentes concentrações de EAREi (1000-5000 mg/mL) não causou mortalidade, revelando ausência de atividade pró-oxidante, como observado em ensaios de geração de espécies reativas (RS) e de peroxidação lipídica (PL) em brânquias, rim, fígado e cérebro. Os níveis plasmáticos de alanina aminotransferase (ALT), alanina aminotransferase (ALT) e gama-glutamil transferase (GGT), indicaram que as diferentes concentrações de EAREi não foram hepatotóxicas para os jundiás. Na segunda parte deste trabalho, os extratos aquosos (EARE) e etanólicos (EERE) de R. echinus apresentaram atividade antioxidante evidenciado pela sequestramento do radical DPPH (IC50 = 111.9 μg/mL (EERE) and IC50 = 227.9 μg/mL (EARE)) e pelo seu potential de inibir a formação de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) induzido pelo Fe2+ (10 μM) nos homogeneizados de cérebro e fígado de rato. EARE e EERE (30-480 μg/mL) não induziram genotoxicidade, citotoxicidade ou fragilidade osmótica em células de sangue humano. Os resultados obtidos pelo método de microdiluição revelaram baixa atividade antifúngica e antibacteriana do óleo essencial das folhas de R. echinus (MIC ≥ 1024 μg/mL). No entanto, ele foi capaz de modular a atividade das drogas antimicrobianas testadas, quando adicionado ao meio de crescimento na concentração sub-inibitória (ou seja, MIC/8). O óleo essencial das folhas de R. echinus mostrou atividade quelante ao ferro (II), indicando que ele poderia ser de importância relevante no tratamento de doenças neurodegenerativas e infecciosas. O óleo essencial revelou a presença de monoterpenos e sesquiterpenos, os quais podem ser pelo menos em parte, responsáveis pela ação moduladora do óleo, sendo um produto natural capaz de aumentar a atividade antibacteriana e antifúngica, de medicamentos antimicrobianos. Contudo, os resultados sugerem que R. echinus pode prevenir/proteger contra doenças associadas aos danos oxidativos, e indicam que o óleo essencial de suas folhas pode modular a atividade antibacteriana e antifúngica de drogas antimicrobianas.
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