Influência de Harpagophytum procumbens sobre parâmetros comportamentais e moleculares em um modelo de discinesia orofacial em ratos
Resumo
A flufenazina é um antipsicótico típico utilizado para o tratamento da esquizofrenia. No entanto, o seu uso crônico tem sido relacionado com o aparecimento de efeitos colaterais extrapiramidais, como a discinesia tardia (DT). Estudos sugerem o envolvimento da neuroinflamação, bem como o estresse oxidativo (EO), como possíveis causas para o aparecimento da DT, o que também pode levar à neurodegeneração dopaminérgica. O Harpagophytum procumbens (HP) é um fitoterápico utilizado na clínica devido principalmente aos seus efeitos anti-inflamatórios. Desta forma o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do HP sobre parâmetros comportamentais, bioquímicos e moleculares em modelo de discinesia orofacial (DO) induzida por flufenazina em ratos. Primeiramente analisamos várias frações de HP por cromatografia líquida de alta eficiência e realizamos o teste de scavenger do radical DPPH, a fim de eleger uma fração que apresentasse maior quantidade de harpagosídeo e que tivesse uma boa atividade antioxidante in vitro, sendo então eleita a fração de acetato de etila de H. procumbens (EAF HP). Desta forma, verificamos o efeito da EAF HP (10; 30 e 100 mg/kg- 21dias) sobre a DO induzida por flufenazina (25 mg/kg dose única) em ratos através da análise de parâmetros comportamentais motores. Além disso, realizamos análises bioquímicas sorológicas, parâmetros de EO (no fígado, rim, córtex e estriado), citocinas pró-inflamatórias (no estriado e córtex), imunoreatividade da tirosina hidroxilase (TH), do transportador de dopamina (DAT), do receptor dopaminérgico D2 (DRD2), do glutamato descarboxilase (GAD) e da ciclooxigenase 2 (COX 2) (no estriado). A administração crônica de flufenazina aumentou significativamente os movimentos de mascar no vazio (MMVs) em todos tempos analisados (2, 7, 14 e 21 dias) e esse aumento foi inibido pela EAF HP, especialmente na dose de 30 mg/kg, nos dias 7, 14 e 21. A flufenazina diminuiu a locomoção e atividade exploratória, no entanto EAF HP não foi capaz de proteger contra esta alteração. A flufenazina induziu EO identificado por alterações na atividade da catalase e nos níveis de de oxigênio/nitrogênio (ER) no córtex e estriado. Além disso, aumentou todas as citocinas pro-inflamatórias, e apresentou tendência em aumentar os níveis de COX 2. Contudo, não modificou a imunoreatividade da TH, DAT, DRD2 e GAD. Os efeitos da flufenazina foram reduzidos pela administração da EAF HP especialmente no estriado, estrutura que está relacionado com o controle motor. Além disso, esta fração se mostrou segura, pois nenhuma das doses testadas causou alteração nos parâmetros bioquímicos no soro e de EO no fígado e rins dos animais. Os nossos resultados sugerem o envolvimento do EO e da neuroinflamação induzida pela flufenazina no desenvolvimento da DO em ratos e aponta a EAF HP como um agente terapêutico promissor para o tratamento de movimentos involuntários orais.
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