Investigação biotécnica de espécies com potencial de uso em obras de engenharia natural
Resumo
As plantas são consideradas como um importante componente estrutural das intervenções de
Engenharia Natural e seu emprego como material construtivo vivo requer uma seleção adequada das
espécies a serem utilizadas, constituindo-se em um fator determinante para o sucesso das
intervenções. As espécies selecionadas devem possuir propriedades biotécnicas, considerando-se
também alguns requisitos, nomeadamente os aspectos edafoclimáticos, ecológicos e de reprodução
da espécie. A propagação vegetativa por estaquia é a forma de reprodução preferencial na Engenharia
Natural e sua capacidade é intrínseca para cada espécie, sendo influenciada por diversos fatores,
destacando-se a época do ano de coleta e plantio. O presente estudo tem por objetivo investigar a
propagação vegetativa por estaquia e as propriedades biotécnicas das espécies Allamanda cathartica
L., Cephalanthus glabratus (Spreng.) K. Schum., Escallonia bifida Link & Otto, Ludwigia elegans
(Camb.) H. Hara, Sambucus australis Cham. & Schltdl., Sesbania virgata (Cav.) Pers. e Terminalia
australis Camb., a fim de subsidiar a seleção e emprego adequado dessas espécies em intervenções
de Engenharia Natural. Para tal, foram utilizadas duas metodologias distintas, a primeira foi a condução
de experimento em casa de vegetação automatizada no Laboratório de Engenharia Natural da
Universidade Federal de Santa Maria em duas épocas do ano (outono/inverno e final do
inverno/primavera), no qual estacas de 20 cm de comprimento das sete espécies foram plantadas em
vasos preenchidos com areia média peneirada. O arranjo experimental foi inteiramente casualizado
com 60 estacas para cada espécie em cada época do ano. Após 90 dias, foram avaliadas as seguintes
variáveis: taxa de sobrevivência e enraizamento, número médio e soma do comprimento dos brotos
por planta, número médio e soma do comprimento das raízes primárias por planta, massa seca média
de brotos e raízes, número de raízes e soma do comprimento das raízes por metro de estaca enterrada.
A segunda metodologia adotada foi a realização de estudos anatômicos a partir de amostras de estacas
do experimento anterior das sete espécies para verificar a existência de barreiras anatômicas ao
enraizamento e descrever de maneira preliminar o lenho, bem como através desta realizar uma análise
com vistas à determinação da flexibilidade de seus caules. A descrição microscópica seguiu as
recomendações do IAWA Committee. No primeiro experimento, todas as espécies apresentaram
capacidade de propagação vegetativa, a qual variou de 23,3% a 100%, sendo que em geral as espécies
apresentaram melhores taxas de sobrevivência, enraizamento e desenvolvimento da parte aérea e
sistema radicial na época do final do inverno/primavera. Através da análise anatômica das espécies foi
possível identificar tecido esclerenquimático nas espécies S. virgata, S. australis e C. glabratus. Quanto
a flexibilidade dos caules foi possível inferir que as espécies S. virgata, T. australis, C. glabratus
provavelmente possuem ramos flexíveis. Os resultados indicam o potencial biotécnico de L. elegans,
S. virgata, C. glabratus e A. cathartica, sendo estas capazes de imprimir ritmo de desenvolvimento do
sistema radicial e parte aérea esperado nas obras de Engenharia Natural. T. australis, E. bifida e S.
australis apresentaram capacidade de propagação vegetativa, porém enraizamento mais lento,
podendo ser aproveitadas quando houver interesse em aumentar a diversidade de espécies.
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