“Bixa, preta, trans e periférica”: Linn da Quebrada e as performatividades de gênero dissidentes com as mídias digitais
Resumo
Essa pesquisa analisou a construção performativa da artista de São Paulo/SP, Linn da
Quebrada, a partir de sua inserção nas mídias digitais, entre 2016 a 2018. Para tanto, realizei
uma etnografia digital por perambulação, buscando compreender os usos de que ela realiza
das plataformas de mídias digitais, em especial YouTube, Facebook e Instagram, para a
projeção enquanto artista, assim como para a construção de si em relação dialógica com as
plataformas e suas audiências. O enfoque se dá a partir das mídias digitais por considerar que
fazem parte de um contexto de sociedade digital, e na qual elas atuam a partir de uma lógica
de autocomunicação de massas, em termos de que qualquer pessoa passa a ser consumidora e
produtora de conteúdo com a internet. Concomitantemente, as plataformas agenciam modos
de identificação, razão pela qual por elas perambulo para analisar como Linn as utiliza. A
análise foi realizada a partir da intersecção de diferentes categorias que constituem processos
de identificação na sociedade atual, tais quais gênero, sexualidade e geração, e que estão
presentes nas narrativas produzidas pela performatividade da artista. Lanço mão dos conceitos
de precariedade e performatividade, ambos de Judith Butler, para compreender a relação que
Linn estabelece entre o paradoxo da visibilidade e do reconhecimento enquanto artista que
alcança certa visibilidade a partir de engajamentos performativos promovidos com as mídias
digitais, na relação com as mídias hegemônicas. A pesquisa examina esses aparentes
paradoxos e reflete sobre o modo como a artista emerge a partir da problematização de
questões envolvendo gênero, sexualidade, corpo, o desejo travesti, a (in)visibilidade travesti e
narrativas que visam criar condições de existência não precária de um corpo bixa, travesti,
negro e de periferia. Além disso, evidenciei que a construção de sua performatividade com as
mídias digitais aponta para mudanças no modo de produção musical e de relações entre
artistas e audiências em uma sociedade digital.
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