Cisplatina induz um padrão de toxicidade hepatorrenal diferente em ratos neonatos e adultos
Resumo
A cisplatina é um quimioterápico amplamente utilizado para tratar diversos tipos de tumores, tanto em adultos quanto em crianças. Apesar de bastante difundido, o uso da cisplatina está relacionado a efeitos tóxicos graves, dentre eles a nefrotoxicidade e a hepatotoxicidade. Desta forma, a presente dissertação investigou os efeitos causados pela administração aguda de cisplatina em ratos com 10 dias e as diferenças na resposta ao fármaco, no que se refere à toxicidade, quando comparada a ratos de 60 dias. Para a realização deste modelo experimental foram utilizados ratos Wistar machos e fêmeas, com 10 e 60 dias (CEUA nº 2699300315). Os animais receberam a cisplatina nas doses de 5 e 10 mg/kg pela via intraperitoneal (i.p.), enquanto o grupo controle recebeu a solução salina (0,9%; i.p.). Após 24 h da administração de cisplatina/salina, os animais foram mortos e o sangue, o fígado e os rins foram coletados para as análises ex vivo. Nas amostras de soro foram avaliados os parâmetros de dano renal (ureia) e hepático (atividade das enzimas alanina aminotransferase, aspartato aminotransferase). Enquanto que nas amostras de fígado e rim foram determinados: os marcadores de estresse oxidativo (níveis de espécies reativas de oxigênio, peroxidação lipídica, carbonilação de proteínas e tióis não-proteicos (NPSH)); e as atividades das enzimas antioxidantes (superóxido dismutase, catalase (CAT), glutationa peroxidase, glutationa-S-transferase e glutationa redutase); assim como as atividades das enzimas sulfidrílicas δ-aminolevulinato desidratase (δ-ALA-D) e Na+, K+- ATPase. Os níveis renais e hepáticos das proteínas relacionadas com o estresse oxidativo e com a apoptose também foram determinados. A administração aguda de cisplatina causou toxicidade hepatorrenal em ratos recém-nascidos e adultos. No entanto, o padrão e a intensidade dos danos foram diferentes entre as idades e os tecidos. Os ratos recém-nascidos apresentaram um dano oxidativo mais acentuado em relação aos ratos adultos, caracterizado por um aumento nos níveis de espécies reativas e na proteína carbonila, um menor conteúdo de NPSH e uma maior inibição nas atividades da δ-ALA-D e CAT. Além disso, foi observada uma resposta molecular mais rápida nos níveis proteicos envolvidos com apoptose e resposta ao estresse oxidativo. Em conclusão, os dados deste estudo mostram que o padrão de efeitos tóxicos da cisplatina foi diferente entre as idades e os tecidos dos ratos. Além disso, o presente estudo revelou que os ratos recém-nascidos são mais sensíveis ao tratamento com a cisplatina, pelo menos nas primeiras 24 horas e ainda mostrou que, pelo menos no início, o dano hepático foi maior do que o renal em ratos adultos. Assim, o presente estudo demonstrou que existem diferenças na resposta corporal à exposição aguda da cisplatina entre ratos adultos e recém-nascidos, reforçando a necessidade de mais estudos sobre a resposta da criança à quimioterapia e possíveis estratégias efetivas para minimizar os danos causados pela cisplatina.
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