Efeito da atorvastatina sobre as alterações comportamentais, histológicas e bioquímicas em camundongos C57BL/6 com status epilepticus induzido por pilocarpina
Resumo
Epilepsia é uma doença neurológica crônica, que afeta cerca de 65 milhões de pessoas em
todo o mundo. A epilepsia do lobo temporal (TLE) é o tipo de epilepsia focal mais comum em
adultos, e também a de maior índice de refratariedade ao tratamento farmacológico. Além das
crises epilépticas, os pacientes com TLE sofrem com comorbidades médicas, tais como
depressão, ansiedade e alterações cognitivas. Modelos experimentais de epileptogênese, tal
como o modelo da TLE pós-SE (status epilepticus) induzido por pilocarpina, têm aumentado
muito a compreensão dos processos que levam à epilepsia e, assim, de potenciais alvos para
terapia antiepileptogênica. Considerando o papel crucial da inflamação para o
desenvolvimento da epileptogênese, acredita-se que moléculas que tenham efeitos antiinflamatórios
seriam uma estratégia interessante para prevenir ou reduzir as consequências de
um insulto cerebral epileptogênico. Nesse sentido, as estatinas, que são fármacos utilizados no
tratamento das dislipidemias, apresentam efeitos pleiotrópicos, entre eles efeito antiinflamatório,
o qual parece ser eficaz na prevenção da neuroinflamação e da morte neuronal
em uma variedade de doenças neurológicas, inclusive na epilepsia. No entanto, são poucos os
estudos sobre o efeito do tratamento com estatinas durante o período epileptogênico. Assim,
considerando o potencial efeito neuroprotetor das estatinas em diferentes doenças do sistema
nervoso central, o presente estudo tem como objetivo avaliar o efeito do tratamento com
atorvastatina nas doses de 10 e 100 mg/Kg, sobre as alterações cognitivas e comportamentais,
bem como na susceptibilidade as crises induzidas por PTZ durante o processo epileptogênico
em camundongos submetidos ao SE induzido pela pilocarpina. Considerando a importância
dos estudos pré-clínicos serem desenvolvidos em animais de ambos os sexos, camundongos
machos e fêmeas foram utilizados. Os resultados obtidos mostram que o tratamento com
atorvastatina exerce um sutil efeito modificador da doença, pois elevou o limiar convulsivo
dos animais e melhorou parcialmente os déficits cognitivos, os quais parecem estar
relacionados com o seu efeito anti-inflamatório. Além disso, os efeitos observados nos
animais de ambos os sexos são similares, exceto pelo fato de que nas fêmeas uma dose maior
é necessária para apresentar efeito, o que reforça a importância dos estudos pré-clínicos serem
desenvolvidos em animais de ambos os sexos. No entanto mais estudos são necessários para
avaliar o potencial efeito dessa estatina no tratamento da epilepsia.
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