Avaliação da toxicidade e genotoxicidade do extrato bruto das folhas da espécie Randia ferox (Cham & Schlecht) DC.
Resumo
O uso de recursos naturais como fonte de medicamentos é uma cultura muito antiga entre a população humana. Devido à essa cultura, existe uma crença de que produtos naturais não causam danos à saúde. Porém, muitas plantas medicinais usadas no tratamento de diversas doenças, quando testadas e avaliadas apresentaram metabólitos tóxicos e causaram danos à saúde. A espécie Randia ferox é conhecida popularmente como “limoeiro-do-mato” e suas folhas são usadas como cicatrizante e anti-inflamatórias. O presente trabalho objetivou identificar e quantificar o metabólitos secundários usando cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) e avaliar a toxicidade aguda, subaguda e genotixicidade. As folhas da planta foram maceradas em etanol (70%) por sete dias, com renovação do solvente. O macerado foi filtrado e o material concentrado em evaporador rotatório e posteriormente levado à estufa para obtenção do extrato bruto (EB). Na avaliação do EB no CLAE foi possível quantificar quercetina (6,85 mg/g), ácido clorogênico (6,38 mg/g), rutina (5,52 mg/g), quercitrina (2,71 mg/g), luteolina (1,93 mg/g) e ácido gálico (0,71 mg/g). Em relação a avaliação da toxicidade, tanto os ratos machos quanto as fêmeas tratadas com 2000 mg/Kg de EB não apresentaram mortalidade ou alterações bioquímicas e hematológicas, sendo classificados na categoria 5 (DL50 2000-5000 mg/Kg), de acordo com o Guia da OECD 423. No tratamento subagudo, os ratos Wistars machos e fêmeas foram divididos em grupos que foram tratados com água (grupo controle) e com EB nas concentrações de 100, 200 e 400 mg/Kg. O tratamento durou 28 dias. Não houve diferença significativa no ganho de peso e na quantidade ingerida de comida. No tratamento com as duas maiores concentrações, observou-se uma diminuição na lipoperoxidação, espécies reativas de oxigênio e proteína carbonil no fígado de ambos os sexos, demonstrando uma atividade antioxidante. Na concentração de 400 mg/Kg houve um aumento do dano no DNA, o que pode ser considerado um efeito tóxico dos metabólitos presentes no EB. Houve um aumento das espécies reativas de oxigênio no rim das fêmeas em todas as concentrações, porém não foi considerado uma atividade nefrotóxica pois não provocou a lipoperoxidação e nem alterou outros parâmetros bioquímicos marcadores de dano renal. Apesar do aumento de colesterol nos machos tratados com 200 e 400 mg/Kg de EB, não foi considerado uma hepatoxicidade, pois está dentro dos valores de referências normais. As fêmeas obtiveram aumento na glicose nos dois grupos tratados com a maior concentração do EB, o que sugere uma variação hormonal já que o mesmo não ocorreu nos machos. Os estudos elucidaram algumas características fitoquímicas e antioxidantes descritas pela primeira vez para a espécie. O EB das folhas de Randia ferox apresentou uma atividade significativamente tóxica apenas na mais alta concentração do tratamento subagudo.
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