Perfil nutricional de pacientes com câncer de esôfago submetidos à esofagectomia em um hospital da região central do sul do Brasil
Resumo
Indivíduos com câncer de esôfago submetidos à cirurgia de esofagectomia são acometidos por fatores diversos que levam ao risco nutricional: impossibilidade de se alimentar pela boca em decorrência da obstrução do canal esofágico, tempo entre a confirmação do diagnóstico pela endoscopia e a cirurgia, complicações pós-operatórias e a presença de tratamento clínico antes e/ou após a cirurgia. O objetivo deste estudo é descrever e analisar o perfil nutricional de pacientes portadores de câncer de esôfago submetidos à esofagectomia. Trata-se de um estudo transversal, realizado com 123 pacientes com câncer de esôfago que foram submetidos à esofagectomia no período entre 2008 e 2012 em um Hospital Universitário da região central do sul do país. A coleta de dados foi realizada por meio da análise em prontuário e a análise foi realizada por meio do programa EpiInfo versão 7. Do total pesquisado, havia uma relação de 4 homens para cada mulher, com idade média de 59,3 ± 10,8 anos. A maioria (65,8%) dos pacientes encontrava-se em estádio avançado da doença (III ou IV), sendo que 44,7% apresentavam alguma complicação cirúrgica e 13% foram a óbito. Apenas 2,9% não apresentaram perda de peso, sendo que todo o restante variou de perda não significativa (14,3%), perda significativa (5,7%) à perda grave de peso (77,1%). Enquanto na confirmação do diagnóstico a desnutrição estava instalada em 31,4% dos pacientes, no período pré-operatório os desnutridos já totalizavam 43,3%. Após a cirurgia, a desnutrição alcançou 49% dos pacientes e no período posterior à alta hospitalar chegou a 53,8%. Os pacientes receberam a primeira avaliação nutricional após o diagnóstico confirmado da doença, em um período médio de 55,9 ± 109,4 dias. Encontrou-se associação entre pacientes idosos e desnutrição, em todas as etapas do tratamento, seja na confirmação do diagnóstico pela endoscopia, pré-operatório, pós-operatório e no período de seis meses após a cirurgia. Idade superior a 60 anos também associou-se significativamente a complicações pós-operatórias e ao óbito. No presente estudo não foi encontrada associação entre perda de peso e hipoalbuminemia com complicações pós-operatórias ou com o óbito. Entretanto, o tempo de internação dos pacientes se associou significativamente às complicações pós-operatórias. A avaliação nutricional precoce e o monitoramento de todos os pacientes durante o período pré e pós cirúrgico de pacientes com câncer de esôfago, deve fazer parte da terapêutica, para buscar garantir um estado nutricional adequado, visando evitar desfechos indesejáveis durante o tratamento e proporcionar qualidade de vida.
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