Diazinon altera a atividade das colinesterases periféricas sem alterar o comportamento de camundongos

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Data
2018-10-15Primeiro membro da banca
Oliveira, Mauro Schneider
Segundo membro da banca
Ineu, Rafael Porto
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Os compostos organofosforados (OF) pertencem a uma classe de compostos químicos que contém um átomo de fósforo pentavalente em sua estrutura, o qual está ligado por uma dupla ligação a um átomo de oxigênio ou a um átomo de enxofre. São comumente usados como gás de guerra e também como pesticidas na agricultura e na veterinária. O diazinon (DZ) é um OF da classe dos fosforotioatos, e como os demais OF, é caracterizado pela capacidade de inibir as colinesterases (ChEs), causando danos principalmente ao sistema nervoso central (SNC). As ChEs, tanto a acetilcolinesterase (AChE) quando a butirilcolinesterase (BChE), são enzimas que desempenham papel chave na neurotransmissão colinérgica e em outras funções fisiológicas, como contração muscular e detoxificação. O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos de uma exposição a curto e longo prazo a duas diferentes doses de DZ, no desempenho comportamental e na atividade das ChEs de SNC e tecidos periféricos, bem como, estudar os parâmetros cinéticos da inibição da AChE pelo DZ, in vitro. Para isso foram usados camundongos machos Swiss adultos. Os animais foram expostos subcutaneamente ao DZ nas doses de 0, 10 ou 100 mg/kg, durante 10 ou 30 dias. Nos quatro últimos dias de tratamento, os animais foram submetidos às tarefas comportamentais campo aberto (CA) e labirinto aquático de Morris (LAM). No 11º ou no 31º dia, os animais foram eutanasiados e córtex cerebral, hipocampo, baço, coração, estômago, fígado, intestino delgado, músculo esquelético, pâncreas, pulmão e rim foram coletados para mensuração da atividade das ChEs. Para os ensaios in vitro, a coleta de amostras procedeu-se similarmente. A exposição ao DZ por 10 ou 30 dias não causou danos locomotores nem alterou a memória, analisados no teste do CA e do LAM, respectivamente. O DZ não alterou a atividade das ChEs de córtex e hipocampo. Nos tecidos periféricos, a exposição por 10 dias diminuiu a atividade da AChE de estômago, e da BChE de estômago, rim, pulmão e plasma. A exposição por 30 dias diminuiu a atividade da AChE do intestino, coração, fígado e pâncreas; e diminuiu a atividade da BChE de intestino, rim, fígado, pulmão e pâncreas. Os resultados in vitro mostram que a AChE de origem cerebral é insensível ao DZ; enquanto que as enzimas de origem periférica são mais sensíveis ao composto. Também verificou-se que o DZ inibe de forma não competitiva a AChE do coração e do pâncreas e apresenta um comportamento do tipo misto para a AChE de estômago e de fígado na maior concentração testada. Considerando os resultados em conjunto, pode-se sugerir que a ausência de alterações comportamentais pode estar relacionada a ausência de efeito do composto sobre a AChE cerebral, verificada tanto in vivo quanto in vitro.
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