Avaliação da iluminação natural em habitação multifamiliar – conjunto habitacional Jardim Ipês
Resumo
A criação do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) do governo federal impulsionou a construção de edificações habitacionais de interesse social visando diminuir o grande déficit de moradias no Brasil. Após 10 anos do lançamento do MCMV, tem se questionado a qualidade dessas edificações. A iluminação natural, foco desta pesquisa, é um dos quesitos que devem ser considerados para alcançar melhor qualidade nessas habitações, pois interfere no conforto e na saúde dos usuários, além de melhorar a eficiência energética das edificações. O objetivo da pesquisa é avaliar a iluminação natural em unidades habitacionais (UH) do Conjunto Habitacional Jardim Ipês (CHJI) que se enquadra no Programa MCMV. O método de pesquisa baseia-se na Avaliação Pós-Ocupação (APO) focando na opinião dos usuários a respeito das condições de iluminação natural em suas moradias, bem como na avaliação da estimativa anual de luz natural (EALN) por meio de simulações computacionais com o programa APOLUX. Como resultados, verificou-se que a opinião da maioria dos respondentes em relação a Luz Natural (LN) em suas UH aponta esta como clara. Os respondentes também foram questionados quanto às tarefas exercidas em suas UH e verificou-se que são desempenhadas atividades que exigem índices mais alto de iluminância do que o mínimo preconizado pela NBR 15575 (60 lux). As UH atendem ao RTQ-R e ao Código de Obras de São Miguel do Oeste no tocante aos vãos mínimos de iluminação. A NBR 15575 não menciona dimensionamento mínimo dos vãos e o Código de Obras não considera o modelo da esquadria. Os resultados das simulações mostraram que as UH atendem aos parâmetros indicados no método de simulação do RTQ-R e as iluminâncias mínimas presentes na NBR 15575. Além disso, todas as UH atenderam ao critério de 120 lux. Porém, as UH não atendem ao critério de níveis de iluminância menores do que 2.000 lux, embora as normas não prevejam índices máximos de iluminância. Observa-se que as normas deveriam considerar atividades que demandam um nível maior de iluminância nos ambientes residenciais, bem como níveis máximos considerando os relatos dos usuários quanto a necessidade do uso de blackouts para evitar radiação solar direta e garantir privacidade. Como principal conclusão, propõe-se, para as normas e regulamentos, requisito relacionado com o nível de iluminância máximo admissível em ambientes residenciais como sendo 2.000 lux, além de normativa própria para valores recomendados de níveis de iluminância específicos para habitações que contemplem as diversas atividades que os moradores podem desempenhar nos ambientes residências, considerando o contexto social e econômico da pesquisa.
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