Análise da via auditiva em sujeitos normo-ouvintes com zumbido e de uma proposta de aconselhamento fonaudiológico
Resumo
Objetivos: Investigar a funcionalidade fisiológica em diferentes níveis da via auditiva em sujeitos normo-ouvintes com zumbido crônico e, em um segundo momento, verificar o resultado de uma única sessão de aconselhamento na redução da percepção do zumbido. Métodos: Estudo transversal, longitudinal e quantitativo. Participaram do estudo sujeitos com limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade em todas as frequências bilateralmente, com(GE) e sem(GC) zumbido crônico. A pesquisa dividiu-se em duas etapas. A primeira contemplou anamnese, Tinnitus Handicap Inventory(THI), Escala Visual Analógica(EVA), Acufenometria, Audiometria de Altas Frequências(AAF), Emissões Otoacústicas Transiente(EOAT), Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico(PEATE) com estímulo clique, Frequency Following Response(FFR-fala) e Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência(PEALL). Para a segunda etapa o GE foi dividido em dois (GE Aconselhamento e GE Música) para o primeiro realizou-se aconselhamento fonoaudiológico em sessão única e para o segundo, orientou-se a ouvir música. O GE Música foi considerado como grupo comparação para esta etapa. Após um mês, marcou-se retorno para nova aplicação da EVA e THI. Resultados: Participaram do estudo 22 sujeitos de 18 a 59 anos e houve predominância do gênero feminino. Na caracterização da amostra predominou o zumbido do tipo apito e de sensação contínua, percepção súbita e a manifestação constante e bilateral com maior incidência na orelha esquerda. A intensidade foi relatada com variação. Como fatores de melhora, nenhum aspecto pesquisado influenciou no sintoma. Já, como fatores de piora, prevaleceram o stress e o ambiente silencioso. Sobre os aspectos comportamentais, a maioria dos sujeitos não referiram dor de cabeça, cervical, lombar e torácica nem queixas relacionadas a disfunção temporomandibular. Dos hábitos alimentares houve um excesso de consumo de chimarrão e doces com longos períodos de jejum. Tratando-se de questões emocionais, predominou a ansiedade. Na acufenometria observou-se prevalência de pitch agudo e loudness dentro da faixa sugerida pela literatura. Para a AFF o GE apresentou valores aumentados em relação ao GC, porém sem diferenças estatisticamente significantes. Na EOAT houve predominância de presença de respostas em ambos os grupos. Para o PEATE analisando latências e intervalos interpicos, não houve diferenças estatisticamente significantes. No FFR não houve diferenças nas análises de latência, amplitude, interpico e slope entre os grupos, mas encontrou-se a amplitude da onda V maior para o GC. No PEALL houve uma maior ocorrência de ausências dos potencias P1, N2, P300 no GE. Para a segunda etapa, o grupo que recebeu aconselhamento fonoaudiológico único e personalizado apresentou melhora e diferenças estatisticamente significantes antes e pós tratamento em comparação ao grupo que foi orientado a ouvir música. Conclusão:Foi possível investigar a funcionalidade fisiológica nos diferentes níveis da via auditiva em sujeitos normo-ouvintes com zumbido crônico. Os achados não evidenciaram diferenças estatisticamente significantes nas EOAT no GE, em contrapartida, a AAF demonstrou alterações em regiões auditivas periféricas de modo significante. O PEATE não mostrou diferenças entre os grupos, porém no PEALL e no FFR podem-se observar alterações no GE e ainda, de fatores não auditivos. O aconselhamento fonoaudiológico em sessão única mostrou-se eficaz na redução da percepção do sintoma sendo verificado por meio da EVA e THI.
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