Uso do dispositivo sonoro individual e suas implicações no sistema vestibulococlear
Resumo
Esta pesquisa teve por objetivo caracterizar o uso do dispositivo sonoro individual no
contexto do ruído recreativo e verificar suas implicações no sistema vestibulococlear
em adultos jovens, comparando os resultados obtidos com os de não usuários do
dispositivo, e elaborando material gráfico a fim de realizar ação educativa individual
como enfoque preventivo. Trata-se de uma pesquisa transversal, observacional,
comparativa e descritiva, que se utilizou de método quantitativo. A amostra final foi
constituída por 72 sujeitos na faixa etária de 18 a 35 anos, sendo 48 usuários do
dispositivo sonoro individual e 24 não usuários. Os sujeitos foram separados em grupo
estudo e grupo controle e os resultados dos exames foram comparados inter-sujeitos.
A média de idade dos grupos foi 21,5 anos e 22,9 anos, respectivamente. O grupo
estudo foi composto por 19 mulheres e 29 homens e o grupo controle, por 18 mulheres
e seis homens. Foram submetidos à avaliação audiológica, por meio de Audiometria
Tonal Liminar, Logoaudiometria e Imitanciometria, para atender aos critérios de
inclusão e exclusão, bem como, Audiometria de Altas Frequências, Emissões
Otoacústicas Evocadas e Potencial Evocado Miogênico Vestibular cervical, para
atender aos objetivos da pesquisa. Para análise estatística, foram utilizados os testes
não-paramétricos: U de Mann-Whitney, Qui-quadrado, Kruskal-Wallis, seguido de
comparações múltiplas, e teste de correlação de Spearman. A amostra se
caracterizou pelo uso do dispositivo sonoro individual por um período maior que três
e até dez anos, por mais de uma hora diária, superior a dois dias na semana, em
intensidade que excedia 60% da capacidade máxima do equipamento, bem como
maior preferência a fones de inserção. Dentre as implicações subjetivas, encontraram-
se queixas auditivas e extra-auditivas no grupo estudo, predominando dificuldade de
compreensão da fala, e dificuldade de concentração e cansaço, respectivamente.
Como implicações objetivas, verificaram-se mais respostas ausentes em emissões
otoacústicas no grupo estudo, além de diferenças estatisticamente significativas em
pelo menos uma frequência por orelha e valores de relação sinal-ruído,
predominantemente, rebaixados em comparação ao grupo controle. Na audiometria
de altas frequências, observaram-se limiares rebaixados no grupo estudo, apesar de
não diferirem estatisticamente. Na comparação por categorias de intensidade sonora,
também foram observadas diferenças em frequências específicas entre os grupos
estudados. No potencial evocado miogênico vestibular cervical, encontrou-se
diferença apenas quanto a amplitude de P13 na orelha direita, entretanto, os valores absolutos de amplitude e inter-amplitude foram reduzidos no grupo estudo na orelha
direita e superiores, neste mesmo grupo, na orelha esquerda. Encontrou-se
correlação positiva na amplitude de P13 com tempo de uso em anos, porém na
comparação por categorias de intensidade sonora e tempo de uso em anos, não foram
observadas diferenças estatisticamente significativas. Por fim, elaborou-se material
gráfico de apoio à ação educativa individual, com enfoque preventivo sobre o uso do dispositivo sonoro individual e aplicou-se a todos os sujeitos da pesquisa. Concluiu-
se que o uso indiscriminado dos dispositivos sonoros individuais, no contexto
recreativo, pode trazer implicações negativas sobre o sistema vestibulococlear, as
quais podem ser verificadas precocemente, através de avaliações complementares, a
fim de prevenir alterações auditivas e vestibulares futuras.
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: