Indicadores nutricionais e qualidade de vida de idosos com doença renal crônica em tratamento hemodialítico
Resumo
Os idosos com doença renal crônica em hemodiálise estão sujeitos a maiores riscos de desnutrição, devido a
restrições dietéticas, perda de aminoácidos no período intradialítico, anorexia e intercorrências infecciosas,
resultando na piora da qualidade de vida relacionada à saúde. O estudo teve como objetivo avaliar o efeito do
tempo de tratamento e indicadores nutricionais na qualidade de vida de idosos com doença renal crônica em
hemodiálise. Tratou-se de um estudo descritivo, analítico, quantitativo e de abordagem transversal. A amostra do
estudo foi composta por 122 idosos de ambos os sexos, com doença renal crônica e em hemodiálise há pelo menos
três meses em duas unidades de uma clínica renal na cidade de Santa Maria, RS, no período de março a julho de
2018. Foram excluídos da pesquisa os pacientes com insuficiência renal aguda, com dificuldade de compreensão
na entrevista e que utilizavam alimentação enteral. A coleta dos dados foi realizada por meio de entrevista e
consulta do prontuário do paciente. As variáveis analisadas foram os dados sociodemográficos (idade, sexo, cor
da pele, estado conjugal, escolaridade e renda), histórico clínico da doença renal (doença de base, tempo em
manutenção em hemodiálise, comorbidades associadas, indicadores nutricionais (dados antropométricos, consumo
alimentar e exames bioquímicos) e qualidade de vida. Para análise estatística dos resultados foram utilizados os
testes Kolmogorov-Smirnov, Teste t de Student, Teste U de Mann-Whitney, Teste de Qui-quadrado, Teste de
correlação Pearson e Teste de correlação Spermann. O nível de significância adotado foi de 0,05. O estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria sob o nº 2.545.211. Quanto
aos resultados obtidos, a maioria era do sexo masculino (59,00%), com média de idade de 70,31±,6,92 anos, de
cor branca (71,30%), com companheiro (59,80%), escolaridade inferior a 5 anos de estudo (68,00%), renda maior
do que 2 salários mínimos (52,50%) e atendidos pelo Sistema Único de Saúde – SUS (72,10%). Ainda foi
demonstrado que no grupo de idosos com maior tempo de hemodiálise (≥3 anos) houve diferença significativa no
consumo alimentar sendo: proteínas g/dia (p=0,024), calorias totais (p=0,034), carboidratos (p=0,046), fósforo
(p=0,029) e potássio (p=0,016); exames bioquímicos: ferritina (p=0,001), Kt/v (p=0,010); não havendo
significância para os dados antropométricos e qualidade vida relacionada à saúde entre os grupos de idosos. Quanto
a associação entre os indicadores nutricionais com a qualidade de vida relacionada a saúde, houve correlação entre
as variáveis antropométricas e as categorias Estímulo de equipe/diálise, Suporte social, Dor, Função social,
Energia/fadiga e Lista de problemas/sintomas; os exames bioquímicos com Funcionamento físico, Função física,
Dor, Saúde geral, Bem estar-emocional, Função social, Energia/fadiga, Lista de problemas/sintomas, Sobrecargas
da doença renal, Função sexual e Estímulo equipe/diálise; o consumo alimentar apresentou correlação dos
macronutrientes com Funcionamento físico, Função física, Dor, Saúde geral, Bem estar-emocional, Lista de
problemas/sintomas, Função cognitiva e Função sexual e os micronutrientes com Funcionamento físico, Função
física, Dor, Saúde geral, Bem estar-emocional, Função emocional, Função social, Energia/fadiga, Lista de
problemas/sintomas, Função cognitiva, Qualidade da interação social e Função sexual. Conclui-se que os idosos
em maior tempo de tratamento hemodialítico apresentam maior risco para desnutrição energético-proteica, um
consumo elevado de fósforo, baixo de potássio e elevação da ferritina, comportamento não observado na qualidade
de vida. Ainda os indicadores nutricionais influenciaram diretamente nas categorias da qualidade de vida
relacionada a saúde dos idosos.
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