Treinamento funcional altera o perfil metabólico, mitocondrial e redox de células mononucleares de mulheres com síndrome metabólica
Resumo
A síndrome metabólica (SM) é uma combinação de anormalidades metabólicas, como hipertensão, hiperglicemia, obesidade abdominal e dislipidemia. Essas condições ocorrem simultaneamente e aumentam o risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, e ainda podem estar relacionadas com o comprometimento das funções mitocondriais e do sistema de defesa antioxidante, uma vez que ocorre maior produção de espécies reativas de oxigênio (EROs), redução da fosforilação oxidativa e, consequentemente, menor síntese de adenosina trifosfato. Neste sentido, o desenvolvimento de estratégias terapêuticas, incluindo intervenções no estilo de vida, como dieta e exercícios físicos regulares voltados ao metabolismo mitocondrial, podem ser importantes e relevantes para o tratamento e prevenção da SM. Além disso, já está descrito na literatura os efeitos benéficos do exercício físico no metabolismo mitocondrial e status redox, porém, o seu impacto sobre células mononucleares do sangue periférico (PBMCs) de pacientes com SM permanece desconhecido. Portanto, este estudo pretende determinar se o exercício físico altera o metabolismo energético, capacidade dos complexos mitocondriais e o estresse oxidativo de PBMCs a partir de mulheres com SM, e associá-los aos parâmetros de exercício físico. Para realização deste estudo, foram recrutadas mulheres de meia-idade sedentárias com mais de 45 anos, e com pelo menos 3 fatores de risco relacionados à SM. As participantes realizaram um programa de treinamento funcional de 12 semanas (3d/semana). As células (PBMCs) foram obtidas a partir da coleta de sangue das participantes com SM; realizada antes do treinamento (baseline) e 72 horas após o término do protocolo de treinamento para evitar efeitos agudo do exercício (após o treinamento). Após o isolamentos, as PBMCs foram utilizadas para mensurar os seguintes parâmetros: atividades da lactato desidrogenase (LDH) e citrato sintase (CS) relacionadas ao metabolismo energético, e a capacidade respiratória dos complexos mitocondriais (I-IV). A produção de EROs foi realizada a partir da oxidação da diclorofluoresceína e produção de peróxido de hidrogênio (H2O2), bem como a atividade da catalase (CAT) associada ao sistema antioxidante endógeno. O protocolo de treinamento produziu um aumento nos níveis de LDH das PBMCs, enquanto a atividade da CS permaneceu inalterada. Além disso, houve um aumento na produção de EROs induzida pelo exercício, bem como melhora no sistema antioxidante, indicando um mecanismo de adaptação. As PBMCs também demonstraram um aumento na atividade das desidrogenases e na capacidade de transferência de elétrons mitocondriais. Além disso, houve um aumento na capacidade aeróbica das participantes, enquanto que a massa corporal pernameceu inalterada após o treinamento. Em conclusão, nossos resultados fornecem novas evidências de que um programa de treinamento funcional de 12 semanas altera o estado redox das PBMCs e a capacidade de transferência de elétrons mitocondriais em resposta ao estímulo do metabolismo, além de melhorar a capacidade aeróbica de mulheres com SM. Portanto, nossos dados sugerem que as PBMCs podem ser eficazes para detectar e avaliar mudanças nos perfis celulares de pacientes não saudáveis, e dessa forma, podem vir a ser utilizadas como fonte de biomarcadores para a controle e qualidade do exercício físico.
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