A tolerância térmica como ferramenta para avaliação da vulnerabilidade de anfíbios ao aumento da temperatura
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Data
2019-02-27Primeiro membro da banca
Carvalho, José Eduardo de
Segundo membro da banca
Schuch, André Passaglia
Metadata
Mostrar registro completoResumo
As mudanças climáticas podem gerar grandes efeitos sobre a biodiversidade, forçando as espécies a se adaptarem ou gerando grandes extinções para aquelas que não conseguem lidar com os efeitos diretos e indiretos do aumento da temperatura. Em especial, as larvas dos anfíbios são extremamente dependentes da água e possuem baixa capacidade de termorregulação, sendo consideradas isotérmicas em relação ao meio. Por isso, medidas da fisiologia térmica dos anfíbios, associadas com as temperaturas atuais e ótimas em que elas se encontram, são uma ferramenta bastante útil para avaliação da vulnerabilidade das espécies, bem como podem servir nas análises de modelagem climática e respectivas estratégias de conservação. No presente estudo, nós utilizamos larvas de três espécies de anfíbios anuros filogeneticamente próximas (Physalaemus cuvieri, P. gracilis e P. henselii), mas com fenologias reprodutivas diferentes, para determinar as curvas de performance térmica e indicar se elas já enfrentam temperaturas que podem ocasionar algum dano à sua performance. Nós utilizamos o crescimento das larvas ao longo de seis aclimatações térmicas representando temperaturas em que as espécies já vivenciam na natureza (15ºC, 20ºC 23.5ºC, 29ºC, 31ºC e 35ºC), para determinar a temperatura ótima e para construir curvas de performance térmica. Utilizamos dados microclimáticos registrados na natureza para calcular a Margem de Segurança Térmica (TSM), a Tolerância ao Aquecimento (WT) e a Tolerância ao Resfriamento (CT), bem como projetamos nesses dados um cenário de futuro aumento da temperatura (+4ºC). Utilizamos dados macroclimáticos para avaliar a relação da temperatura do ar com a temperatura da água. A temperatura ótima de Physalaemus cuvieri foi 31ºC, P. gracilis foi 29ºC e P. henselii foi 20ºC. Physalaemus gracilis e P. henselii já vivenciam temperaturas acima da ótima registrada. Physalaemus henselii apresentou a TSM mais preocupante em comparação às demais espécies, pois apresentou a temperatura ótima mais baixa e foi sensível às aclimatações mais quentes. Physalaemus gracilis apresentou baixa WT, especialmente quando incluímos o cenário de aquecimento global. Physalaemus cuvieri foi a espécie mais suscetível ao resfriamento. Com estes resultados, podemos entender como a curva de performance dessas espécies funciona e saber quais estão mais vulneráveis aos potenciais aumentos das temperaturas e futuramente tentar projetar dados macro e microclimáticos aliados a fisiológicos como ferramentas para formular estratégias de conservação.
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