Trajetórias e processos inovativos: um olhar evolucionário em casos da pecuária familiar na Campanha Gaúcha
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Data
2020-12-07Primeiro membro da banca
Ribeiro, Cláudio Marques
Segundo membro da banca
Waquil, Paulo Dabdab
Terceiro membro da banca
Andreatta, Tanice
Quarto membro da banca
Silveira, Vicente Celestino Pires
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Esta tese tem por objetivo analisar a trajetória histórica da pecuária familiar na Campanha
Gaúcha e a influência dos processos inovativos na adaptação e manutenção das atividades
produtivas em um cenário de mudanças. Como perspectiva teórica, a pesquisa se apoia na
economia evolucionária, especialmente, em constructos teóricos que definem processos inovativos e seus elementos constituintes como, por exemplo, aprendizados, conhecimentos, path
dependence, trajetórias, mudanças, dentre outros. A construção realizada na revisão teórica
fundamentou a construção do framework e, por conseguinte, o instrumento de pesquisa que
identifica as trajetórias das firmas desde a origem histórica-familiar, inserção na atividade,
mudanças gerais de cenário e, finalmente, as mudanças ocorridas nas rotinas das firmas. Os
constructos utilizados permitem a análise das rotinas evidenciando os vínculos entre passado,
presente e as constantes mudanças em cenários agrícolas dinâmicos. Para tanto, utilizou-se o
estudo de caso apoiado em uma abordagem qualitativa. Foram analisados três casos da pecuá-
ria familiar na Campanha Gaúcha: Associação de Produtores do Rincão do 28 (Alegrete), participantes do RS Biodiversidade (Alegrete) e pecuaristas familiares que realizam cruzamentos
ovinos (Santana do Livramento). A partir da análise de conteúdo temática-categorial, foi possível identificar que todas as unidades investigadas têm origem histórica familiar na atividade,
ainda que sob formas diferentes. A inserção dos entrevistados em processos inovativos, em
maioria, está associada aos estímulos e políticas externas às unidades; à participação em cursos técnicos, o contato com o serviço de extensão rural pública e a proximidade com outras
organizações sem fins lucrativos, associadas às experiências, determina o formato adotado em
cada unidade familiar. Esse contato com as instituições, cursos e experiências resulta nas
adaptações que os pecuaristas familiares realizam nas técnicas e tecnologias apresentadas a
eles. Essa dinâmica encontrada na pecuária familiar corrobora com a lógica de um processo
inovativo da economia evolucionária, em que a inovação está condicionada aos formatos de
aprendizado das firmas, às experiências anteriores e ao histórico das trajetórias que as rotinas
percorreram ao longo da atividade. Assim, as adaptações nas rotinas das atividades da pecuá-
ria familiar são conduzidas por processos inovativos. A relação entre trajetória histórica e
aprendizados na atividade definem as adaptações realizadas em cada unidade da pecuária familiar, portanto, identificando tais adaptações como inovações endógenas. No caso da Associação do 28, observou-se as potencialidades que propostas coletivas têm em aproximar a pecu-
ária familiar às tecnologias “vigentes”, assim como transformar a percepção da atividade frente aos cenários de mudanças. Além disso, foram apontadas duas situações pontuais a serem
avaliadas como casos particulares de empreendedorismo. Por fim, considera-se que entender
os processos inovativos na pecuária familiar aliados ao resgate como alternativa produtiva,
contribui em apontar adaptações aos sistemas produtivos, não no sentido de “transformar” a
atividade, mas estimular variações na pecuária familiar geradas por mudanças nas rotinas e,
com isso, favorecer a consolidação de um paradigma tecnológico agrícola alternativo que
mantenha a histórica pecuária familiar em seu ambiente de origem.
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