Hidrogéis de goma de alfarroba contendo compostos indólicos nanoencapsulados com ação anti-inflamatória em desordens cutâneas induzidas em camundongos
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Data
2019-03-29Primeiro membro da banca
Bochi, Guilherme Vargas
Segundo membro da banca
Contri, Renata Vidor
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A pele está constantemente sujeita a estímulos externos, como substâncias irritantes e
radiação ultravioleta do tipo B (UVB), os quais podem desencadear nesta uma resposta
inflamatória. O indol-3-carbinol (I3C) e o 3-3’-diindolmetano (DIM) são obtidos através da
hidrólise da glicobrassicina, presentes em vegetais do gênero Brassica, e já foram relatados
seus efeitos anti-inflamatórios. No entanto, apresentam limitações físico-químicas que
dificultam seu emprego terapêutico. Desta forma, em estudos realizados em nosso grupo de
pesquisa, foram desenvolvidas suspensões de nanocápsulas contendo I3C ou DIM. A
nanotecnologia, no âmbito da aplicação tópica, tem proporcionado inúmeros benefícios, tais
como: modulação da permeação/penetração/retenção de substâncias no tecido cutâneo.
Visando a aplicação cutânea, essa dissertação objetivou desenvolver hidrogéis para veicular
nanocápsulas contendo I3C ou DIM e verificar seu potencial frente a dois modelos de
inflamação cutânea. Os hidrogéis foram preparados a partir do espessamento das
suspensões de nanocápsulas com a goma de alfarroba (3%). As formulações desenvolvidas
apresentaram características físico-químicas adequadas para aplicação cutânea, mantendo o
tamanho nanométrico na faixa de 138-231 nm (espectroscopia de correlação de fótons), teor
de ativos próximo ao valor teórico (0,5 mg/g para hidrogéis de I3C e 1,0 mg/g para hidrogéis
de DIM) (CLAE), valores de pH na faixa da neutralidade 6,69-7,43 (potenciometria), assim
como comportamento não-newtoniano pseudo-plástico (viscosímetro rotacional). Para os
estudos de liberação dos ativos a partir dos hidrogéis e permeação cutânea em pele humana
utilizou-se células de Franz. A liberação in vitro demonstrou que as nanocápsulas conseguem
deixar facilmente a base semissólida, enquanto que o estudo de permeação cutânea
evidenciou que a nanoencapsulação promoveu uma maior retenção dos ativos no estrato
córneo e epiderme, sugerindo assim que o estrato córneo pode funcionar como depósito para
liberação gradual destes. A avaliação do potencial de irritação pelo método de HET-CAM
indicou ausência de hemorragia, coagulação ou lise dos vasos presentes na membrana,
demonstrando que as formulações são consideradas não-irritantes. Ainda, a
nanoencapsulação protegeu o I3C da fotodegradação induzida pela radiação UVC. Por fim,
avaliou-se o desempenho das formulações em dois modelos in vivo de inflamação cutânea,
um induzido pelo óleo de cróton e outro pela radiação UVB. No modelo do óleo de cróton,
tanto os hidrogéis contendo as nanocápsulas, quanto as respectivas formulações contendo
os ativos livres foram capazes de atuar reduzindo expressivamente o edema de orelha e as
células inflamatórias. O experimento da radiação UVB demonstrou que as formulações
contendo os ativos livres ou nanoencapsulados foram eficazes na redução do edema da
orelha de camundongos e infiltração de leucócitos em 24 h. Em 48 h, apenas os hidrogéis
contendo os ativos nanoencapsulados mantiveram o efeito antiedematogênico, indicando um
efeito prolongado das nanocápsulas. Assim, pode-se concluir que os hidrogéis desenvolvidos
são promissores no tratamento de desordens inflamatórias de pele, modulam a distribuição
cutânea dos ativos nas camadas de interesse, além de serem considerados não-irritantes
para o uso dermatológico.
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