Percepção de cidadania financeira: proposição de uma medida
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Data
2020-08-13Primeiro membro da banca
Becker, Kalinca Leia
Segundo membro da banca
Potrich, Ani Caroline Grigion
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Mostrar registro completoResumo
O termo cidadania financeira foi cunhado por Leyshon e Thrift (1995) com base na adequação do conceito de cidadania aos riscos enfrentados em uma sociedade financeirizada. Para o Banco Central do Brasil cidadania financeira é o exercício de direitos e deveres que permite ao cidadão gerenciar bem seus recursos financeiros. Entretanto, apesar de sua reconhecida importância, o debate ainda é relativamente novo e não há entendimentos finalizados, consolidados ou consensuais sobre sua definição. Assim, o presente trabalho busca analisar a percepção de cidadania financeira da população do Rio Grande do Sul. Para atingir o objetivo proposto, foram aplicados 827 questionários em 4 cidades do estado. Essas cidades foram escolhidas de acordo com o nível populacional e os respondentes foram abordados em locais de ampla circulação. Por meio da análise fatorial, três dimensões são importantes formadores da cidadania Financeira: Inclusão, Alfabetização Financeira e Proteção aos Consumidores Financeiros. A Inclusão é formada pelo construto Inclusão Financeira, a Alfabetização Financeira é formada pelos construtos Atitude Financeira, Conhecimento Financeiro e Comportamento. A terceira dimensão da cidadania financeira é a proteção aos consumidores financeiros, que está composta dos quatros construtos: Reclamação, Segurança, Transparência e Suitability. De posse das três dimensões padronizadas, aplicou-se a análise de cluster a fim de classificar os indivíduos em baixo e alto nível de cidadania financeira. Para tanto foi realizada a análise de cluster hierárquico através do método de Ward. Ao proceder a análise, foram encontrando dois clusters. O primeiro, denominado Cluster 0 representa os indivíduos que possuem um baixo nível de cidadania financeira (24,4% dos respondentes). O segundo denominado Cluster 1, representa aqueles que possuem um alto nível (62,8% dos respondentes). Com base nos clusters foi possível identificar, por meio de testes de diferença, que apenas a dimensão da proteção financeira não apresentou diferenças significativas entre os indivíduos com alto e baixo nível de cidadania financeira. Isso pode ser um indicativo de que as políticas para proteção dos cidadãos e os vários mecanismos de proteção destinados a esse fim podem estar alcançando o objetivo de proteger os consumidores financeiros, na medida em que são percebidos por esses usuários, não importando o nível de cidadania financeira em que estão classificados. Em seguida, com o objetivo de desenvolver um indicador que defina se um indivíduo possui alto ou baixo nível de cidadania financeira, utilizou-se a distância euclidiana quadrática em relação ao centro do cluster (média), com as três dimensões que representam as proxies para mensurar a cidadania financeira. Assim, por meio da distância quadrática das respostas obtidas pelos indivíduos com o centro do cluster 0 e com o centro do cluster 1, foi possível determinar se o respondente se encontra mais próximo do centro do cluster 0 (D0 < D1) ou do centro do cluster 1 (D1 < D0). Por fim, procedeu-se a análise da influência das dimensões no bem-estar financeiro. Identificou-se que quanto maior a alfabetização e a proteção financeira, maior o bem-estar financeiro do cidadão.
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