O processo argumentativo construído em um programa de formação continuada multiletrada com professores da educação de jovens e adultos (EJA)
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Data
2021-02-11Primeiro membro da banca
Silva, Eliseu Alves da
Segundo membro da banca
Marcuzzo, Patrícia
Metadata
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Considerando a relação entre teoria e prática na atuação docente, as ferramentas e os recursos
teórico-metodológicos que embasam a prática de professores de linguagem são diversas. Entre elas,
a argumentação em contextos escolares surge como uma prática crítico-colaborativa com intuito de
construir e expandir conhecimentos por meio de discussões e interações em sala de aula (LEITÃO,
2011; LIBERALI, 2013; MAGALHÃES; OLIVEIRA, 2016; MATEUS, 2016). Nessa perspectiva, a
presente pesquisa é um estudo colaborativo que tem como objetivos identificar, descrever e analisar
as interações nas aulas de língua inglesa da modalidade EJA de duas escolas públicas em termos de
recursos discursivo-argumentativos (utilizados por professores e alunos) a fim de examinar como e
em que medida a argumentação está presente e contribui para a interação professor-aluno durante
os processos de ensino e de aprendizagem de língua inglesa. O contexto desta investigação se
refere a duas escolas públicas, localizadas em regiões da periferia da cidade de Santa Maria, Rio
Grande do Sul (Brasil). Ademais, este estudo contou com a participação de dois professores de
língua inglesa e seus respectivos alunos da modalidade EJA, presentes nas aulas gravadas que
compõem o corpus. A gravação das aulas ocorreu durante o período de aplicação de unidades
didáticas, elaboradas pelos próprios professores em um programa de formação continuada (BRUM,
2019), vinculado ao projeto guarda-chuva "Multiletramentos, Interdisciplinaridade e Formação de
Professores de Linguagem na Escola” do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade
Federal de Santa Maria (PPGL/UFSM). Os tópicos elencados como temas norteadores das unidades
didáticas foram de escolha dos professores: mercado de trabalho e o filme “Who wants to be a
millionaire”. A fim de atingirmos o objetivo dessa pesquisa, buscamos, no primeiro momento,
identificar e descrever a Estrutura Potencial de Gênero (EPG) (HASAN, 1989) de cinco aulas de
língua inglesa, com base na classificação dos movimentos e passos recorrentes, estáveis e variáveis.
No segundo momento dessa pesquisa, procuramos analisar a dimensão discursivo-argumentativa de
quatro aulas ao identificarmos e descrevermos em que medida e como as ações argumentativas de
caráter epistêmico emergem na interação entre os participantes e contribuem para a negociação
colaborativa de significados e expansão de conhecimentos em sala de aula. Para analisarmos o
discurso dos participantes, utilizamos categorias discursivo-argumentativas de caráter epistêmico
(COMPIANI, 1996, p. 48) (BRUM, 2015, p. 64) (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014), no nível
linguístico, bem como categorias de contração e expansão dialógica (MATEUS, 2016, p. 51) (DE
CHIARO E LEITÃO, 2005), no nível discursivo. Como resultados, foi possível concluírmos que a aula
é um gênero relativamente estável (BAKHTIN, 1986), composto por movimentos e passos
obrigatórios, tais como a iniciação da aula, a realização das atividades e o encerramento da aula;
opcionais, tais como a apresentação do objetivo da aula e da sistematização da gramática; e
iterativos, tais como a realização das atividades. Em relação à análise do processo argumentativo,
identificamos que os professores apresentam uma maior afiliação e aproximação a práticas
dialógicas. Podemos pressupor que um dos fatores que pode ter contribuído para a adesão
majoritária dos professores às práticas dialógicas é o fato de que ambos participaram do programa de
formação continuada de caráter crítico-colaborativo-reflexivo e multiletrado para EJA (BRUM, 2019).
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