A pecuária bovina em remanescente de floresta estacional no bioma Pampa: impactos na estrutura e diversidade
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Data
2020-03-13Primeiro membro da banca
Araujo, Ana Claudia Bentancor
Segundo membro da banca
Redin, Cristina Gouvêa
Terceiro membro da banca
Quadros, Fernando Luiz Ferreira de
Quarto membro da banca
Gomes, Mariana Bender
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A pecuária bovina em ecossistemas florestais pode produzir distúrbios de diferentes intensidades, promovendo mudanças estruturais e de composição florística. Estudos com o intuito de conhecer a estrutura e compreender os efeitos na dinâmica das florestas utilizadas para este fim são fundamentais para um manejo da biodiversidade dessas áreas. O objetivo deste estudo foi avaliar os impactos do histórico de manejo com diferentes lotações de bovinos na estrutura e diversidade de um remanescente de Floresta Estacional no bioma Pampa. O experimento foi conduzido no município de São Nicolau, Rio Grande do Sul. Comparamos três áreas do remanescente com histórico de manejo de 45 anos: (A1) área sem a presença de bovinos, (A2) área com histórico de manejo com baixa lotação de bovinos e (A3) área com histórico de manejo com alta lotação de bovinos. Foram realizados levantamentos da vegetação divididos em regeneração natural (0,1 m ≤ H < 3,0 m) (16 parcelas de 25 m² por área), sub-bosque (3,0 m ≤ H < 9,0 m) e dossel (9,0 m ≤ H) (16 parcelas de 150 m² por área). As parcelas instaladas nas áreas A2 e A3 foram isoladas com cerca para a exclusão dos bovinos e monitoramento da restauração passiva. No levantamento da vegetação foram contabilizados para cada área o número de indivíduos, espécies e famílias e calculados os índices fitossociológicos e ecológicos por estrato. A chuva de sementes foi coletada e analisada através de 16 coletores de 1 m² por área durante 24 meses. O monitoramento da restauração passiva foi realizado nas 16 parcelas cercadas de 25 m2 em A2 e A3, em três momentos: 2014 (remoção dos bovinos e isolamento das áreas), 2017 (três anos de isolamento) e 2019 (seis anos de isolamento). Os resultados apontam para uma simplificação florística na estrutura vertical do remanescente na área com histórico de manejo com maior lotação. O uso pretérito das áreas pelos bovinos causou modificações na vegetação de dossel em relação à composição florística e diversidade funcional. Os resultados para a chuva de sementes indicaram que os impactos causados pelos bovinos na vegetação em A3 reduziram o número de sementes e de morfoespécies em função da redução no número de indivíduos vegetais que compõem a comunidade. A restauração passiva mostrou o aumento significativo quanto ao número de indivíduos, espécies, famílias, diversidade taxonômica e funcional após três e seis anos de isolamento. Dessa forma, o histórico de manejo com alta lotação de bovinos demonstrou maior impacto na densidade e riqueza de espécies e na chuva de sementes. O histórico de manejo com baixa lotação de bovinos não causou danos à diversidade taxonômica e funcional, sendo uma alternativa de manejo conservacionista para o remanescente florestal na propriedade rural. A restauração passiva mostrou resultados promissores no retorno, desenvolvimento e diversidade da regeneração natural nas áreas com manejo de bovinos. Essa técnica pode ser recomendada, para condições ambientais semelhantes à do estudo, em projetos de recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP) do tipo vegetação ripária e Reserva Legal (RL) em remanescentes florestais nas propriedades rurais.
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