Aspectos fisiológicos de gramíneas nativas do bioma Pampa em relação ao excesso de alumínio
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Data
2020-02-17Primeiro membro da banca
Brunetto, Gustavo
Segundo membro da banca
Delatorre, Carla Andréa
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O bioma Pampa é um dos principais biomas do Brasil. As pastagens naturais abrangem mais
de 500 espécies pertencentes à família das Poaceas, sendo as gramíneas as espécies de maior
proporção e ocorrência nessa área, representando cerca de 65 a 85% da massa de forragem
nas pastagens naturais. O alumínio trivalente (Al+³) é o principal fator limitante para a
produção de diversas culturas agrícolas e sua toxidez ocasiona, em grande parte, distúrbios
fisiológicos e desequilíbrio na absorção de água e nutrientes, resultando no menor
crescimento das plantas. Diante da variabilidade e versatilidade das gramíneas no bioma
Pampa e seu desenvolvimento e adaptabilidade em ambientes considerados pouco férteis, se
faz necessário estudar e compreender as respostas fisiológicas de quatro espécies de
gramíneas nativas expostas ao excesso de Al+³, bem como avaliar quais as espécies são mais
adaptadas para essa condição. O objetivo do estudo foi avaliar os aspectos fisiológicos de
quatro espécies de gramíneas nativas do bioma Pampa em relação ao excesso de Al³+. O
estudo I foi conduzido em sistema de cultivo utilizando a areia como substrato, sendo os
tratamentos compostos por três concentrações de Al³+ (0, 75 e 150 mg Al³+ L-¹) e quatro
espécies de gramíneas (Paspalum urvillei, Axonopus affinis, Paspalum plicatulum e
Andropogon lateralis), irrigadas com solução nutritiva. Aos 40 dias de cultivo, foram
determinadas as trocas gasosas, concentração de pigmentos fotossintéticos, massa seca de
parte aérea e raízes, concentração de Al³+ e nutrientes nos tecidos. O estudo II foi conduzido
em sistema de cultivo hidropônico aerado, utilizando os mesmos tratamentos de Al³+ e
espécies do estudo I. Aos 15 dias de cultivo, em exposição ao Al³+, avaliaram-se as trocas
gasosas da folha, seguido da coleta das plantas para a determinação da concentração de Al³+ e
de nutrientes nos tecidos vegetais, biometria de raízes, produção de massa seca, concentrações
de pigmentos fotossintéticos e de proteínas solúveis totais, atividade da guaiacol peroxidase
(POD), concentrações de peróxido de hidrogênio (H2O2) e a peroxidação lipídica (TBARS).
No estudo I o excesso de Al³+ no substrato aumentou a concentração do metal tanto nas raízes
quanto na parte aérea das quatro espécies de gramíneas, fato correlacionado à redução da
produção total de massa seca da A. affinis, P. plicatulum e A. lateralis. Por outro lado, a P.
urvillei, apesar de acumular o Al³+ nas raízes, não apresentou alteração na produção de massa
seca. As trocas gasosas nas folhas, em geral, foram comprometidas principalmente na
presença de 150 mg Al³+ L-¹. P. plicatulum apresentou a maior alteração na concentração de
pigmentos fotossintéticos pelo Al³+. As correlações positivas entre as concentrações de Ca e
Mg na parte aérea podem evidenciar a importância desses nutrientes como agentes
atenuadores dos efeitos tóxicos promovidos pelo Al³+. A P. urvillei, dentre as espécies
avaliadas, mostrou-se ser tolerante ao excesso de Al³+, enquanto a A. affinis, P. plicatulum e
A. lateralis mostraram-se mais sensíveis ao Al³+. No estudo II os incrementos de Al³+ (75 e
150 mg L-¹) aumentaram a concentração de Al³+ principalmente nas raízes da P. urvillei e A.
affinis, apresentando-se como as mais tolerantes ao excesso de Al³+, devido a maior presença
do metal no sistema radicular. Por outro lado, a P. plicatulum e A. lateralis caracterizaram-se
como mais sensíveis à toxidez por Al³+. O Al³+ afetou negativamente os parâmetros
biométrico-morfológicos do sistema radicular, bem como a produção de massa seca das
quatro espécies. Além de promover nas mesmas a redução da assimilação líquida de CO2. A
P. urvillei não apresentou alteração nos pigmentos fotossintéticos. A atividade da POD foi
comprometida pelo excesso de Al³+, o qual promoveu principalmente na parte aérea o
aumento da concentração de H2O2, ocasionando consequentemente o aumento da peroxidação
lipídica, resultando em baixa resposta do sistema antioxidante das espécies de gramíneas. As
concentrações de nutrientes foram alteradas com o incremento de Al³+ (75 e 150 mg L-¹),
sendo Ca, Mg e K os mais afetados, obtendo correlações inversas às concentrações de Al³+.
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