Tecnologias da informação e comunicação (TIC) e construção identitária: diálogos com adolescentes em uma escola
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Data
2021-02-18Primeiro membro da banca
Quiroga, Fernando Lionel
Segundo membro da banca
Patias, Naiana Dapieve
Metadata
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As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) vêm modificando as formas de se relacionar e de ser/estar no mundo. Essa dissertação de mestrado teve como objetivo refletir acerca do processo de construção identitária na sua inter-relação com as TIC, a partir dos saberes, práticas e experiências de adolescentes que estudam em uma escola localizada em um município rural da região central do estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil. Em específico, buscou-se compreender como adolescer é concebido no contexto rural e de que modo(s) as TIC impactam o cotidiano dessas pessoas, principalmente no que tange à sexualidade, à saúde sexual e reprodutiva e à saúde mental, enquanto elementos que integram a dimensão identitária. O estudo vincula-se ao projeto guarda-chuva “Políticas de Reprodução no Cibermundo: Investigações em Tecnologias (Contra)Ceptivas, (In)fertilidade e Representações Sociais de Masculinidades/Feminilidades, aprovado pelo comitê de ética”. O objetivo geral do projeto guarda-chuva é refletir sobre como as Políticas de Reprodução estão entrelaçadas com uma rede de representações sociais, particularmente representações sociais de masculinidades e feminilidades e explorar o que esses entrelaçamentos produzem em termos de impacto nas relações de gênero, identidades sociais, saúde e direitos. Na presente pesquisa, buscou-se atender à parte deste objetivo, quando nos propomos a abordar questões referentes à configuração de identidades adolescentes e suas inter-relações com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e os impactos na saúde desse grupo social. Considerando que a temática da construção identitária possui especificidades, sendo alvo de estudos e discussões nas mais diversas áreas do conhecimento, elencou-se uma aproximação entre Estudos Culturais (EC) e Teoria das Representações Sociais (TRS), enquanto abordagens norteadoras dos olhares direcionados ao processo identitário. Quanto ao delineamento metodológico, trata-se de uma pesquisa qualitativa que adotou a utilização de entrevistas semiestruturadas como estratégia de aproximação e estudo do campo. Os participantes da pesquisa foram adolescentes de turmas do 2° ano do Ensino Médio, matriculados em uma instituição de ensino pública na cidade de Lagoa Bonita do Sul, Rio Grande do Sul (RS). Ao longo da construção das informações, durante as entrevistas semiestruturadas, utilizou-se de roteiro de perguntas com temáticas relativas às TIC (apropriações e usos), ao contexto de vida e adolescer, assim como à saúde mental, sexualidade e saúde sexual e reprodutiva. Na etapa da análise e discussão, as informações construídas via entrevistas semiestruturadas foram e interpretadas psicossocialmente, a partir dos pressupostos da abordagem processual da Teoria das Representações Sociais e de
constructos teóricos dos Estudos Culturais. Os resultados indicam a presença de representações de adolescência enquanto fase do desenvolvimento, e não como processo, sendo aos(às) participantes atribuídas características como irresponsabilidade e instabilidade, embora, ao mesmo tempo, se espere deles(as) que sejam responsáveis, que façam escolhas assertivas, que ajudem aos pais/responsáveis, que sejam “adolescentes normais”. Acerca dos
usos e apropriações das TIC, verificou-se que estão inseridas no cotidiano dos(as) participantes, sendo apropriadas para fins de expressão, comunicação e manutenção de laços sociais. Desse modo, entende-se que as apropriações das TIC constituem fatores importantes no processo de construção identitária desse grupo, embora os efeitos delas na saúde sejam pouco (re)conhecidos entre os(as) participantes. No que versa acerca das TIC e seus efeitos sobre o exercício da sexualidade e da saúde sexual e reprodutiva dos(as) participantes, identificou-se que estas têm sido utilizadas como fontes de informação, sobretudo quanto às IST e gravidez. No entanto, as informações às quais os participantes têm acesso, nem sempre são adequadas, o que tem levado ao reducionismo dessas dimensões ao âmbito preventivo e biológico.
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