Onde outras plantaram sementes hoje nasceram flores: a trajetória de mulheres universitárias que vivenciaram violências
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Data
2021-08-31Primeiro membro da banca
Paiva, Ilana Lemos de
Segundo membro da banca
Biazus, Camilla Baldicera
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A violência contra a mulher é uma violência de gênero, o que significa compreender que existem relações hierárquicas entre homens e mulheres na sociedade. Assim, o conceito abarca diferentes formas de violência que as mulheres sofrem. A violência afeta de diversas maneiras a vida das mulheres, desde questões de saúde física, psicológica e social, causando prejuízos nas suas relações e no seu bem-estar. Neste sentido, a presente pesquisa tem como objetivo compreender como as mulheres universitárias experienciaram situações de violência, quais os caminhos que elas percorreram e as reverberações que a violência produziu ao longo de suas vidas. Para isso, foi realizado um estudo qualitativo de caráter exploratório, pois se pretendeu olhar para aspectos do real que não podem ser quantificados. A construção de dados foi baseada nas respostas de um questionário aberto, assim como foram realizadas entrevista de profundidade com seis participantes, tendo como delimitação de campo a Casa do Estudante Universitário 2 (CEU II). Os dados produzidos foram analisados a partir da análise da hermenêutica-dialética, com a proposta operativa de Minayo, que leva em consideração aspectos do contexto social em que as participantes estão inseridas e tem como pretensão elaborar conclusões sobre a complexidade do fenômeno em determinado cenário. Os resultados e discussões foram subdivididos em quatro artigos. O primeiro artigo apresentou o processo de dar conta da violência vivenciada, verificou-se que as participantes levaram tempo, que variou entre meses a anos, para perceber que se encontravam em uma situação de violência. A dificuldade sobre a percepção da violência é de ordem social, expressa pela cultura do estupro e pela objetificação dos corpos femininos, também é de ordem subjetiva e individual, como forma de internalização dessa cultura a partir do sentimento de culpa e responsabilização. O segundo artigo buscou compreender quais as trajetórias empreendidas pelas mulheres que vivenciaram violência. Nos inspiramos no conceito de rotas críticas, nesse sentido verificou-se que, apesar de as participantes apresentarem caminhos distintos, também evidenciam semelhanças, como a busca de ajuda de pessoas próximas, o que aponta para a importância dos vínculos e relações para romperem o silêncio frente a violência e se sentirem validadas. O terceiro artigo buscou compreender a repercussão da violência na vida das mulheres. Foi possível visualizar que estas passam por situações traumáticas que são reatualizadas pelo descrédito. Nesse cenário, o trauma, além de individual, torna-se social. Já o quarto artigo teve como objetivo suscitar algumas reflexões sobre a produção de uma pesquisa qualitativa sobre violência contra a mulher no campo da psicologia e suas implicações ético-políticas. Isso porque entendemos que a pesquisa ocupa outros lugares para além do teórico, ocupa um lugar de testemunha e validação do sofrimento. Apontamos que o conhecimento produzido de maneira implicada e, por vezes, subversiva ao sistema vigente é um aliado para a superação das estruturas de poder de ordem capitalista. Desenvolver pesquisas sobre o fenômeno da violência auxilia para sua compreensão e contribui na fundamentação de políticas públicas de combate à violência.
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