Percepção cultural de risco e o uso de equipamentos de proteção individual por trabalhadores rurais expostos a agrotóxicos
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Data
2021-11-23Primeiro membro da banca
Mesquita, Marilise Oliveira
Segundo membro da banca
Vaz, Marta Regina Cezar
Terceiro membro da banca
Cardoso, Letícia Silveira
Quarto membro da banca
Coelho, Alexa Pupiara Flores
Quinto membro da banca
Cabral, Fernanda Beheregaray
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A partir do incentivo na agricultura para aumento da produção agrícola, o uso de agrotóxicos
foi intensificado. Frente a essa nova configuração, o trabalhador rural expõe-se
cotidianamente aos riscos provenientes da manipulação destes produtos. Nesse sentido,
a adesão ao uso de equipamentos de proteção individual (EPI) é fundamental para a minimização
dos riscos à saúde do trabalhador rural. Assim, este estudo aborda o uso de EPI
por trabalhadores rurais expostos aos agrotóxicos e como estes trabalhadores percebem
e respondem aos riscos envolvidos no seu processo de trabalho. Diante disto, tem-se a
seguinte questão de pesquisa: como a percepção cultural de risco 1 pode explicar a adesão
ao uso de EPI por trabalhadores rurais expostos aos agrotóxicos em uma comunidade
de um município do interior do Estado do Rio Grande do Sul? O estudo tem como objetivo
geral analisar como a percepção cultural de risco pode explicar a adesão ao uso de EPI por
trabalhadores rurais expostos ao uso de agrotóxicos. E, como objetivos específicos: caracterizar
o perfil sociodemográfico e laboral dos trabalhadores rurais; reconhecer o modo
de vida dominante do grupo social estudado conforme a tipologia Grid Group e os pressupostos
da Teoria Cultural (TC); reconhecer a percepção cultural de risco de trabalhadores
rurais no ambiente de trabalho; compreender como se apresenta a adesão ao uso de EPI
no manejo e aplicação de agrotóxicos de acordo com o modo de vida dominante. Para
alcançar os objetivos elencados optou-se pelo método qualitativo, ancorado no referencial
teórico da TC e da tipologia Grid Group. O estudo foi desenvolvido em um distrito rural
de um município localizado no interior do Rio Grande do Sul. O estudo cumpriu todas
as determinações éticas e legais previstas na Resolução Nž 466 de Dezembro de 2012
do Conselho Nacional de Saúde. Participaram da pesquisa 20 trabalhadores rurais, residentes
no distrito. A coleta dos dados foi realizada por meio das técnicas de observação
sistemática não participante e entrevista semi estruturada. Os dados foram analisados
através da análise de conteúdo na modalidade temática, tendo como eixo norteador a TC
e a tipologia Grid Group. Os resultados foram organizados em quatro categorias temáticas,
a saber: a primeira categoria apresentou o trabalho na agricultura como herança
cultural, já a segunda categoria apresentou a análise Grid Group e o modo de vida dominante.
Nesta categoria foi reconhecido o modo de vida dominante no contexto social estudado como individualista, representando assim um afastamento tanto do Grid como
do Group. A terceira categoria apresentou a percepção cultural de risco dos trabalhadores
rurais. Nesta categoria, os participantes reconheceram os riscos econômicos como riscos
presentes no ambiente de trabalho, ou seja, o medo que os participantes apresentam de
não conseguirem produzir em nível comercial. O ambiente de trabalho foi considerado
hostil, perigoso e instável. Por fim, a quarta categoria apresentou a adesão ao uso de EPI
no manejo e aplicação de agrotóxicos pelos trabalhadores rurais. Essa categoria revelou
que os participantes do estudo percebem e reconhecem a necessidade de uso de EPI,
bem como têm a disponibilidade dos mesmos. Contudo, isso não é suficiente para que a
adesão ocorra. A percepção cultural de risco pode explicar e compreender, através da TC,
por meio do modo de vida individualista, como se apresenta a adesão ao uso de EPI por
trabalhadores rurais expostos aos agrotóxicos. Portanto, conclui-se que a percepção cultural
de risco dos participantes do estudo se volta para os riscos que ameaçam o sistema
como um todo, como o risco econômico, e não com riscos que remetem a um futuro distante,
como a exposição dérmica e respiratória causada pela adesão inadequada aos EPI.
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