Soja em um vaso de flores: geopolítica dos alimentos e divisão sexual do trabalho na América Latina (1986-2015)
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Data
2021-12-13Primeiro membro da banca
Medeiros, Rosa Maria Vieira
Segundo membro da banca
Suzuki, Júlio César
Terceiro membro da banca
David, Cesar de
Quarto membro da banca
Cardoso, Eduardo Schiavone
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A presente tese questiona se o regime alimentar corporativo não só determina a tecnologia, os padrões de especialização e a financeirização da agricultura, mas também exacerba a divisão sexual do trabalho, como parte da estratégia de alienação do capital. Adotou-se um referencial teórico neomarxista que busca construir uma ponte entre as escalas global e doméstica. Na escala global, a análise de Regimes Alimentares aprofunda nas correlações entre a divisão territorial do trabalho e a acumulação de capital; na escala doméstica, a abordagem da reprodução social permite analisar tanto os mecanismos de apropriação capitalista do mais-valor quanto as estratégias das famílias camponesas para permanecer nos seus territórios. Para descobrir qual o papel da América Latina nesse arranjo mundial se contrastaram dois casos: a floricultura na Colômbia e a produção de soja no Brasil, sendo o fio condutor o trabalho das mulheres. Esses casos expõem a lógica da especialização dentro da geopolítica dos alimentos e introduzem importantes reflexões nos horizontes da acumulação capitalista, a soberania alimentar e o gênero; específicamente, evidencia-se na região um processo contraditório e combinado de masculinização e feminização da produção de cultivos não tradicionais para a exportação. Esses cultivos estão associados a pacotes tecnológicos que determinam combinações específicas de capital e força de trabalho, as quais, por sua vez, são uma resposta geográfica à divisão internacional do trabalho. A evidência empírica mostra uma correlação positiva entre mecanização e masculinização, sendo o complexo soja um dos exemplos mais chocantes; essa masculinização do trabalho produtivo e consequente invisibilização do reprodutivo permite manter a remuneração da força de trabalho artificialmente baixa. De maneira contrastante, a feminização da floricultura na Colômbia revela os mecanismos de exploração da população mais vulnerável nos agronegócios intensivos em mão de obra.
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