Efeito do caroço de algodão na modulação de fibras musculares esqueléticas e qualidade de produtos de carne ovina
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Data
2018-03-19Primeiro coorientador
Pellegrini, Luiz Giovani de
Primeiro membro da banca
Storck, Cátia Regina
Segundo membro da banca
Augusti, Paula Rossini
Terceiro membro da banca
Campagnol, Paulo Cezar Bastianello
Quarto membro da banca
Dornelles, Rosa Cristina Prestes
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Objetivou-se avaliar a modulação das fibras musculares esqueléticas da carne de cordeiros Ile de France alimentados com níveis de caroço de algodão (CA), bem como desenvolver produtos de carne ovina e caracterizá-los. Este trabalho foi composto de três ensaios experimentais. O primeiro avaliou os níveis séricos e a modulação das fibras musculares esqueléticas do Longissimus thoracis de cordeiros Ile de France alimentados com caroço de algodão e sua relação com a qualidade da carne. As fibras musculares esqueléticas foram identificadas por análise histoquímica e classificadas de acordo com a velocidade de contração, coloração e metabolismo. Foram utilizados 50 cordeiros Ile de France, cinco referências e cinco tratamentos (0, 10, 20, 30 e 40% CA na dieta), com nove repetições, em delineamento experimental inteiramente casualizado. Foram avaliadas as tendências linear e quadrática e correlação parcial de Spearman entre características de fibras e qualidade da carne (58 variáveis), sendo os níveis de caroço de algodão usados como covariáveis. Os níveis séricos de colesterol, proteínas totais e gama glutamil transpeptidase aumetaram (P<0,05) de acordo com a inclusão de caroço de algodão. Observou-se efeito do tempo (referência × CA) na modulação das fibras musculares, com aumento (P<0,05) das fibras vermelhas, redução (P<0,05) das fibras glicolíticas, e transição (P<0,05) das fibras Tipo IIB em Tipo IIA. O efeito da dieta foi observado apenas para a variável área relativa das fibras Tipo IIC, com tendência linear crescente de acordo com a inclusão de caroço de algodão. Concluiu-se que o efeito do tempo (referência × CA) foi mais pronunciado que o efeito da dieta nas características das fibras musculares, as quais estavam correlacionadas à qualidade da carne. No segundo e no terceiro experimentos, foram avaliadas as propriedades físico-químicas, tecnológicas e sensoriais de hambúrguer e almôndega, respectivamente, elaborados com carne de cordeiros alimentados com níveis de caroço de algodão. Cada experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com 5 tratamentos (0; 10; 20; 30; 40% CA) e 4 repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), a 5% de significância e os resultados significativos foram submetidos à análise de regressão. Nos hambúrgueres, a adição de caroço de algodão às dietas de cordeiro diminuiu (P<0,05) o TBARS da carne e alterou (P<0,05) as características físico-químicas do produto, caracterizados por baixos teores de lipídeos (𝑦̂= 4,27), colesterol (𝑦̂= 75,15) e teor calórico (𝑦̂= 122,04). Os resultados relativos às características de cocção foram diretamente relacionados às observações microscópicas relativas aos hambúrgueres; as estruturas mais coesas apresentaram melhor desempenho (P<0,05) após o cozimento, com maior (P<0,05) rendimento e retenção de umidade e menor (P<0,05) perda por cocção. Os níveis de caroço de algodão não afetaram (P>0,05) o perfil de textura, mas afetaram negativamente a aceitabilidade dos hambúrgueres (P<0,05), uma vez que, à medida que os níveis de caroço de algodão aumentaram, as pontuações dos atributos sensoriais diminuíram (P<0,05). Assim, para as formulações de hambúrguer recomenda-se uma inclusão máxima de 16,7% CA na matéria seca da dieta de cordeiros. As almôndegas preparadas com carne de cordeiros alimentados com caroço de algodão apresentaram maior (P<0,05) teor de cinzas. Todas as formulações de almôndegas apresentaram baixos níveis de lipídios (𝑦̂= 2,90) e colesterol (𝑦̂= 74,15 mg / 100 g), bem como alto teor de proteína (𝑦̂= 18,92). A diferença (P<0,05) observada nas variáveis de características de cocção não teve efeito no perfil de textura, que foi relacionado às observações microscópicas do produto. No teste triangular para a diferença, os provadores não perceberam a diferença entre as almôndegas controle (0% CA) e aquelas com até 30% CA. No entanto, no teste de aceitação, os provadores detectaram alteração sensorial a partir de um nível de 12,5% CA. Assim, é possível produzir almôndegas com carne de cordeiros alimentados com até 12,5% de caroço de algodão na matéria seca de sua dieta sem alterar as características sensoriais do produto.
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