Gerencialismo e gerencialização: uma análise sociológica do chão da escola pública estadual no RS
Visualizar/ Abrir
Data
2021-07-27Primeiro membro da banca
Mayer, Ricardo
Segundo membro da banca
Drabach, Neila Pedrotti
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Esta pesquisa busca compreender a relação entre educação e mundo do trabalho por meio da reflexão sobre os encontros e tencionamentos entre a cultura escolar e as demandas do mercado empresarial. Trata-se de analisar os impactos das transposições das tecnologias gerenciais decorrentes do toyotismo para o sistema de ensino do estado do Rio Grande do Sul (RS), no período que corresponde os anos de 2015-2020. Objetiva-se mostrar as especificidades das transformações nos processos da educação que se deram via gerencialismo e gerencialização. Para a mediação teórica na transposição de tecnologias gerenciais para o sistema de ensino é feita uma caracterização da crise do regime de acumulação capitalista desde a década de 1970 e suas políticas de austeridade fiscal. Por um lado, considera-se o viés tecnicista associado as tecnologias gerenciais no campo do trabalho e da educação e, por outro, as possibilidades e limitações que se colocam no horizonte da chamada gestão democrática da escola. Para tanto, lança-se mão de entrevista semiestruturada, análise documental e análise bibliográfica. Nas entrevistas com diferentes profissionais da educação (professoras, diretora, coordenadores pedagógicos e vice-diretora) observa-se aspectos subjetivos referentes as condições de trabalho do professor, as mudanças nos currículos voltadas para uma lógica que atende as necessidades do mundo do trabalho, os projetos da escola, entre outras questões. Os documentos produzidos pela Secretaria da Educação do Estado (SEDUC) apontam o que o governo estadual tem implantado em termos de políticas para educação. A análise bibliográfica, entre outros pontos importantes, deu embasamento para a mediação teórica das transposições de tecnologias gerenciais do universo da empresa para o sistema de ensino. No chão da escola, é identificado as especificidades das transformações nos processos da educação que se constituíram via gerencialismo e gerencialização. As tecnologias gerenciais, portanto, não foram simplesmente deslocadas para o sistema de ensino. Tais especificidades podem ser observadas: na busca das escolas por financiamento através da lógica da concorrência, o que contribui com a implantação de um quase-mercado na educação; na busca contínua da escola por melhores resultados em diferentes tipos de avaliações; na lógica mercantil e de empreendedorismo no currículo – onde se envolve o trabalho do professor e da escola em fins que beneficiam o mercado de trabalho. Os efeitos das tecnologias gerenciais também são notórios quando trata de a escola “fazer mais com menos”, e no aumento do tempo de trabalho do professor para além da dimensão pedagógica. Além disso, observa-se uma intensificação da atividade laborativa do professor através da racionalização e controle sobre o trabalho surgida com o uso de novas tecnologias no período da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Por fim, a pesquisa aponta algumas barreiras que interferem na efetivação da gestão democrática na escola, como, por exemplo, observa-se dificuldades para a participação coletiva se realizar no espaço da escola em razão da intensificação do trabalho do professor. Também será apresentado projetos que diminuem a unilateralidade das decisões e as tensões ocasionadas com as tecnologias gerenciais no sistema de ensino, permitindo práticas no interior da escola que corroboram com o processo democrático da gestão.
Coleções
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: