Influência do desbalanço superóxido-peróxido de hidrogênio na resiliência psico-comportamental: um estudo translacional
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Data
2021-06-18Primeiro coorientador
Barbisan, Fernanda
Primeiro membro da banca
Moresco, Rafael Noal
Segundo membro da banca
Bauermann, Liliane de Freitas
Terceiro membro da banca
Montano, Marco Aurélio Echart
Quarto membro da banca
Piccoli, Jacqueline da Costa Escobar
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Introdução: O estresse psicossocial é considerado um gatilho no desenvolvimento de diversas doenças crônicas
não-transmissíveis (DCNTs), em especial transtornos psiquiátricos como a depressão maior. Entretanto, eventos
estressantes são percebidos de modo diferenciado entre as pessoas. Esta capacidade de recuperação é denominada
resiliência e parece ser geneticamente influenciada, inclusive pelo polimorfismo Val16Ala da enzima antioxidante
SOD2, que pode gerar 3 diferentes genótipo AA, VV, AV, que influenciam o balanço Superoxido- Peróxido de
Hidrogênio (S-HP), no organismo. Objetivos: Avaliar, através de um estudo translacional, a influência genética e
farmacológica do desbalanço S-HP. Métodos: o primeiro estudo foi do tipo caso-controle no qual foi avaliado a
associação entre o polimorfismo Val16Ala-SOD2 com menor resiliência (identificada pela autopercepção de
exposição ao estresse) e risco de depressão em idosos. O segundo estudo buscou averiguar se os diferentes
genótipos do polimorfismo Val16Ala-SOD2 poderiam influenciar os níveis basais de moléculas do eixo
Hipotálamo-Pituitária Adrenal associados a resposta ao estresse (cortisol, ACTH, DHEA) e também do fator
neurotrófico BDNF em 90 adultos jovens sem histórico prévio de transtornos psiquiátricos. O terceiro estudo foi
conduzido em minhocas californianas vermelhas (Eisenia fetida). Resultado: O primeiro estudo mostrou que
portadores do genótipo VV-SOD2 independente do status de depressão também se perceberam mais estressados
do que os demais. Ainda, idosos portadores deste genótipo apresentaram maior frequência de polifarmácia e
ingestão diária de fármacos. O conjunto dos resultados corroborou a hipótese de que o desbalanço S-HP associado
a inflamação crônica pode aumentar o risco de autopercepção do estresse, que indica menor resiliência e o risco
de depressão em idosos. No segundo estudo foi observado que portadores do genótipo VV-SOD2 apresentavam
níveis matinais de cortisol e ACTH mais elevados e menores níveis de DHEA e BDNF do que adultos portadores
do alelo-A (AA e AV-SOD2). Estes resultados sugeriram que o desbalanço S-HP associado ao polimorfismo
Val16Ala-SOD2 poderia modular marcadores do eixo HPA e da neurogênese independente do indivíduo estar
estressado ou deprimido. Por fim, a investigação conduzida no modelo experimental E.fetida apresentou resultados
relevantes em relação ao papel do desbalanço S-HP no metabolismo oxidativo-inflamatório e no comportamento
de sobrevivência. O desbalanço S-HP, tanto induzido pela rotenona (VV-like) quanto pela porfirina (AA-like)
causou alterações importantes no metabolismo oxidativo, inflamatório e no comportamento de sobrevivência das
minhocas. Em síntese, enquanto minhocas AA-like apresentaram uma melhora potencial na sua imunocompetência
e em situações de risco de vida, as minhocas VV-like apresentaram um perfil similar a inflamação crônica e menor
capacidade de proteção comportamental frente a exposição ao estresse ambiental. Estes resultados sugeriram que
o desbalanço S-HP poderia modular o sistema imune e a resposta comportamental ao estresse via alterações no
metabolismo imune. Conclusão: Apesar das limitações metodológicas de cada estudo, o conjunto dos resultados
sugere que alterações inflamatórias produzidas pelo desbalanço S-HP poderiam induzir estados diminuídos de
resiliência psico-comportamental tanto em seres humanos quanto em modelos experimentais primitivos, como é o
caso das minhocas. Estes resultados são relevantes na medida em que poderão ser utilizados como subsídio para
investigações que levem ao desenvolvimento de estratégias terapêuticas principalmente associadas a psicoterapia
cognitivo-comportamental que atenuem a sensibilidade de portadores do genótipo VV a estressores psicossocial e
também auxiliem a atenuar os sintomas debilitantes de pacientes com diagnostico de depressão.
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