Influência benéfica da estimulação tátil em modelos experimentais de depressão: parâmetros neuroquímicos e comportamentais em ratos
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Data
2020-10-20Primeiro coorientador
Antoniazzi, Caren Tatiane de David
Primeiro membro da banca
Brüning, César Augusto
Segundo membro da banca
Segat, Hecson Jesser
Terceiro membro da banca
Savegnago, Lucielli
Quarto membro da banca
Rubin, Maribel Antonello
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A depressão é um transtorno mental que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, e embora diferentes fármacos sejam utilizados para tratar a doença, a eficácia destes tratamentos ainda apresenta limitações. A estimulação tátil (ET) é uma terapia manual que pode ser aplicada desde o nascimento até a vida adulta, e evidências experimentais têm mostrado seus benefícios em diferentes modelos animais. O objetivo dos estudos que compõem esta tese foi avaliar a influência da ET aplicada durante o período neonatal ou na vida adulta de ratos expostos à diferentes modelos de depressão. O protocolo experimental 1 avaliou a influência da ET na idade adulta sobre comportamentos tipo depressivos em ratas. As fêmeas receberam administração de reserpina (1mg/kg/dia, s.c. 3 dias) para a indução de sinais de depressão. O fármaco antidepressivo imipramina (10mg/kg, i.p.) foi utilizado como controle positivo. Após a última administração de reserpina, o protocolo de ET foi realizado (15min/3xdia, 8 dias). Subsequentemente à eutanásia, biomarcadores de estresse foram quantificados no sangue, enquanto a expressão de BDNF, proBDNF, TrkB, GDNF, GFAP e GR foram quantificados através de eletroforese em gel em amostras do córtex pré-frontal (CPF). Os resultados mostraram que a ET reverteu os comportamentos tipo depressivo induzidos pela reserpina, reduzindo também os níveis plasmáticos de corticosterona e do hormônio adrenocorticotrófico, juntamente com menor peso das adrenais. No CPF, a ET aumentou a expressão do BDNF, TrkB, GFAP e GR, e reduziu os níveis de proBDNF. No segundo protocolo experimental avaliamos a influência da ET neonatal (10min/1xdia, 8 dias) aplicada em ratos heterozigotos para o transportador de serotonina (SERT+/-) a fim de determinar a influência deste manuseio sobre o desenvolvimento de comportamentos social, ansiedade e anedonia. Após a eutanásia, a amígdala basolateral foi coletada e a expressão de BDNF e suas isoformas, transportador vesicular de glutamato (VGLUT) e do GABA (VGAT), enzima GAD67, GR e MR, assim como genes responsivos aos glicocorticoides foram mensurados por RT-PCR. Observamos que em animais SERT+/-, a ET melhorou os comportamentos social e afetivos. Em nível molecular, somente a ET per se mostrou alterações na amígdala basolateral, na qual reduziu os níveis de BDNF e das isoformas IV e VI, a razão dos receptores GR/MR, dos genes responsivos aos glicocorticoides, e a razão VGLUT/VGAT, enquanto que aumentou os níveis da enzima GAD67. Por fim, uma revisão sistemática foi realizada para avaliar o impacto da ET em ratos. Após busca em um banco de dados, 55 estudos foram selecionados dentro dos critérios exigidos. De modo geral, observamos que a ET exerceu influências benéficas em diferentes comportamentos, modificando principalmente, comportamentos relacionados à cognição e à emoção. Além disto, alterações periféricas, observadas principalmente através dos níveis séricos de corticosterona como também sobre o SNC, sugerindo que a aplicação da ET constitui um protocolo de manipulação não invasivo e eficaz para melhorar funções neurobiológicas dos animais. A partir dos resultados obtidos nos protocolos experimentais descritos nesta tese, observavamos que a ET exerceu influência favorável sobre comportamentos do tipo depressivo e de ansiedade. Estes resultados confirmam nossa hipótese inicial sobre os benefícios da ET na redução da hiperatividade do eixo hipotalâmico-pituitária-adrenal, minimizando assim a liberação de corticosterona, e favorecendo a ativação de fatores neurotróficos e de outros sistemas relacionados à emocionalidade. Por fim, a revisão sistemática corroborou com os resultados experimentais apresentados, os quais em conjunto, confirmam os benefícios da ET em diferentes períodos da vida sobre aspectos neuroquímico-moleculares e comportamentais relacionados a diferentes transtornos psiquiátricos, tais como ansiedade e depressão.
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