Príncipe da guerra e das artes: as fronteiras entre a esfera militar e a esfera cultural durante o papado de Júlio II (1503-1513)
Visualizar/ Abrir
Data
2022-02-16Primeiro membro da banca
Quírico, Tamara Carneiro
Segundo membro da banca
Remedi, José Martinho Rodrigues
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Este trabalho apresenta uma análise sobre o papado de Júlio II (1503-1513) e a construção da sua
reputação através da prática do mecenato do artista Michelangelo Buonarroti (1475-1564) e a
instrumentalização da fama desse jovem escultor que executou, entre 1508 e 1512, a decoração da
abóboda sistina. Em vista disso, nosso aporte documental principal foi um recorte do afresco que
orna o teto da Capela Sistina. Nossas fontes auxiliares foram três obras redigidas na primeira
metade do século XVI. A primeira foi escrita por Nicolau Maquiavel (1469-1527), chamada O
Príncipe (1532), essa se destaca pela análise das práticas políticas entre o fim do século XV e
primeiros anos da década de 1500. O segundo documento foi escrito por Francesco Guicciardini
(1473-1541) e intitulado como Storia d’Italia (1561), tal obra se sobressai pela narrativa dos
eventos político-militares que transcorreram na península entre 1492 e 1534. A terceira fonte foi
escrita em 1550 e reeditada em 1568, por Giorgio Vasari (1511-1574), chamado Vida de
Michelangelo Buonarroti; essa é singular pela sua percepção da relação entre o pintor e o mecenas.
Nosso ponto de vista é fundamentado pelos conceitos da Nova História Cultural, mas,
especialmente, pelo aspecto da luta de representações formulado pelo historiador francês Roger
Chartier. Nossa metodologia se baseia na proposta iconográfica e iconológica elaborada pelo
historiador da arte Erwin Panofsky (1892-1968). Por fim, o trabalho é divido em dois capítulos,
assim no primeiro reconstruímos, em parte, a atuação de Giuliano Della Rovere (1443-1513) como
um cardeal envolvido nas questões político-militares do papado e de que maneira os caprichos da
Fortuna o favoreceram e, em certa medida, permitiram que aquele construísse seu próprio destino
para alcançar a fama, a honra e a glória. Abordamos também a atuação roveresca como mecenas
de alguns artistas e como comprador de peças artísticas. No segundo capítulo nos concentramos na
interpretação do afresco sistino e a relação de Júlio II com o artista Michelangelo. Contudo, além
da análise formal do arranjo iconográfico, inserimos a fonte pictórica em um campo mais amplo
que englobou também as práticas de Júlio II como mecenas, papa, príncipe e general. Em vista
disso, identificamos que Júlio II não estabeleceu fronteiras nítidas entre a esfera militar e a esfera
cultural durante o período como cardeal bem como durante o tempo que esteve como bispo de
Cristo.
Coleções
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: