Tratamento da infecção por Dioctophyme renale via nefrectomia em cães: em busca do estado da arte
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Data
2022-02-22Primeiro membro da banca
Monteiro, Silvia Gonzalez
Segundo membro da banca
Dalmolin, Fabíola
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A infecção por Dioctophyme renale é denominada dioctofimatose, uma doença crônica e
degenerativa que comumente cursa com a destruição irreversível do parênquima renal.
Conhecido como “verme gigante do rim”, o nematódeo D. renale tem coloração avermelhada,
atinge até 100 cm de comprimento e tem predileção natural pelo rim direito. É frequentemente
diagnosticado em cães no sul do Brasil, por meio de técnicas de análise de urina e
ultrassonografia abdominal. O procedimento cirúrgico é preconizado no tratamento da
infecção, uma vez que a doença não responde às terapias antiparasitárias habituais.
Frequentemente, pacientes afetados apresentam destruição total do parênquima renal, sendo
submetidos à nefrectomia terapêutica. Embora haja diversos relatos de cirurgias para o
tratamento da parasitose, não há, na literatura atual, estudos com grandes grupos de pacientes e
consolidação nas recomendações terapêuticas para cães parasitados. A oxigenoterapia
hiperbárica (HBOT) é uma modalidade terapêutica, baseada na oferta de oxigênio a 100% em
ambiente hiperbárico, em crescente ascensão na Medicina Veterinária. Estudos sugerem a
contribuição na redução do estresse inflamatório, no estímulo à cicatrização, na potencialização
de antimicrobianos e também na proteção renal e hepática frente a eventos de isquemia e
reperfusão. Assim, o objetivo deste estudo foi reunir casos cirúrgicos de cães naturalmente
parasitados por D. renale e submetidos à terapia cirúrgica, pelas técnicas convencional e
videocirúrgica. Também, analisar a ação da oxigenoterapia hiperbárica em dois cães
parasitados, submetidos a duas sessões de 2 ATA durante 30 minutos, como précondicionamento
cirúrgico. O Artigo 1 reuniu 52 cães com D. renale em rim direito submetidos
à nefrectomia convencional, sendo 61,5% dos animais assintomáticos. O intervalo entre o
diagnóstico e a cirurgia foi de 27,4±23 dias e não houve nenhuma emergência cirúrgica. O
acesso abdominal paracostal direito foi mais frequente e as complicações transoperatórias
ocorreram em 9,6% dos procedimentos. A média de sobrevivência pós-operatória foi de
835.5±428 dias. O Artigo 2 relatou o caso de dois cães submetidos a duas sessões de HBOT
previamente à nefrectomia terapêutica. Os pacientes apresentaram resultados variados, com
melhora da série vermelha e declínio do fibrinogênio em um paciente e declínio da série
vermelha e aumento do fibrinogênio no outro paciente. Já a série branca e a contagem de
plaquetas diminuíram em ambos os casos. O Artigo 3 descreve a aplicação de nefrectomia
laparoscópica em 15 cães realizadas em sete instituições brasileiras. Foram descritas três
técnicas de acesso à cavidade abdominal, sendo mais frequente o uso de portais de disposição
triangular no flanco direito. A forma de hemostasia mais utilizada foi a aplicação de clipes de
titânio no hilo renal. Os procedimentos foram eficazes em todos os pacientes e permitiram a
remoção do rim e dos parasitos, sendo uma técnica altamente recomendada pelos autores.
Conclui-se que a terapia videocirúrgica da dioctofimatose é segura e aplicável e que a doença
não se caracteriza como uma emergência cirúrgica. A HBOT se mostra potencialmente benéfica
na estabilização de pacientes com dioctofimatose.
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